Não há provas de que Boulos depredou sede da Fiesp em 2016

Compartilhe

Não é verdade que o candidato a prefeito de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) participou da depredação da sede da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) em 2016, como alegou o candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB). Ainda que o então coordenador do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) estivesse presente na manifestação, não há indício ou evidência de que ele tenha causado danos ao edifício.

Publicações que faziam a alegação enganosa acumulavam mais de 12 mil curtidas no Instagram até a tarde deste sábado (26).

Você acha que uma pessoa que tem esse histórico de vida, que foi lá depredar a Fiesp — aliás, você podia responder aqui, você se arrepende de ter depredado a Fiesp?

Post reforça desinformação dita por Ricardo Nunes (MDB) sobre Guilherme Boulos (PSOL) ter depredado a sede da Fiesp em 2016.

Posts nas redes têm compartilhado uma declaração enganosa feita pelo prefeito Ricardo Nunes durante o debate da Globo da última sexta (25) para atacar seu rival, Guilherme Boulos. Diferentemente do que alega o prefeito, não há registros de que o psolista tenha participado da depredação da sede da Fiesp durante protesto contra o governo Temer, em dezembro de 2016.

Ainda que filmagens mostrem Boulos próximo a pessoas que atacaram e invadiram o edifício, não há nenhum indício de que o então coordenador do MTST tenha efetivamente participado da destruição do prédio.

É fato, no entanto, que o candidato do PSOL minimizou na época os danos causados pelos manifestantes (veja abaixo). Em entrevista ao g1, o então coordenador do movimento social afirmou que “o dano na fachada da Fiesp é muito pouco perto do dano que a Fiesp está causando há muito tempo ao povo do Brasil”.

Pouco antes de fazer a alegação enganosa, Ricardo Nunes leu um trecho de um relatório da Polícia Civil que afirma que o psolista e outro integrante do MTST, identificado como José Ferreira Lima, teriam sido detidos por “participar de ataques contra a polícia militar”. O caso, no entanto, não tem relação com a manifestação que resultou na depredação da Fiesp, como dá a entender o prefeito.

Boulos e Lima foram encaminhados para o 49º Distrito Policial em janeiro de 2017 — um mês depois, portanto, dos ataques à sede da Fiesp — após resistirem a uma ação de reintegração de posse de um terreno em São Mateus, na zona leste de São Paulo. Na ocasião, o líder do MTST assinou um termo circunstanciado e foi liberado.

Outro lado. Aos Fatos entrou em contato com a assessoria do prefeito para questionar sobre a alegação enganosa. Em resposta, sua equipe de comunicação enviou links de reportagens sobre o protesto de 2016 e afirmou que Boulos “era coordenador do movimento e estava presente”. “Ele coordenou o protesto e ainda deu entrevistas justificando a depredação.”

O caminho da apuração

Aos Fatos buscou informações na imprensa sobre o protesto promovido pelo MTST em 13 de dezembro de 2016, além de entrevistas de Guilherme Boulos sobre o ocorrido. Não foram encontrados registros que provem que o psolista tenha colaborado de qualquer maneira com a depredação do prédio da Fiesp.

Também resgatamos o contexto da declaração de Ricardo Nunes no debate da última sexta (25) e verificamos que o relatório lido pelo prefeito não tinha relação com o caso da Fiesp. Por fim, procuramos sua assessoria para abrir espaço para comentários.

Referências

  1. g1 (1 e 2)
  2. Aos Fatos

Compartilhe

Leia também

falsoPost engana ao comparar preços de combustíveis, taxas e cotação do dólar nos governos Bolsonaro e Lula

Post engana ao comparar preços de combustíveis, taxas e cotação do dólar nos governos Bolsonaro e Lula

falsoPosts distorcem decisão do STJ para fazer crer que traficante não será punido ao portar armas

Posts distorcem decisão do STJ para fazer crer que traficante não será punido ao portar armas

falsoSátira sobre briga por assento em voo da Gol circula como se fosse verdade

Sátira sobre briga por assento em voo da Gol circula como se fosse verdade