Não há evidências de que plasma equino cure a Covid-19; soro ainda não foi testado em humanos

Compartilhe

Não é verdade que um soro à base de plasma equino desenvolvido pelo Instituto Vital Brazil apresentou 100% de eficácia contra o novo coronavírus, conforme apontam postagens nas redes (veja aqui). Apesar de promissor, até o momento o soro não foi testado em humanos, apenas in vitro.

A peça de desinformação acompanha uma reportagem antiga da GloboNews, de agosto de 2020, como se fosse recente. Nela, não é mencionada eficácia de 100% ou que a substância seria a cura da Covid-19.

Esta peça de desinformação reunia centenas de compartilhamentos no Facebook nesta sexta-feira (8) e foi marcada com o selo FALSO na ferramenta de verificação da rede social (entenda como funciona).


Viva!! Até que enfim uma boa notícia, o Instituto Vital Brazil achou a cura da Covid, em seu estágio inicial, com tratamento a base de plasma eqüino, que produz anticorpos 100 vezes mais potentes do que o humano, eficácia de 100% na cura, parabéns, Brasil.

É falso que um soro testado no Instituto Vital Brazil apresentou 100% de eficácia para curar a Covid-19 em seres humanos. Embora o instituto esteja desenvolvendo um soro à base de plasma de cavalos como possível tratamento para a doença, ainda não foram realizados testes em humanos, apenas in vitro — um dos níveis mais básicos de pesquisas do tipo.

Em nota enviada ao Aos Fatos, o Instituto Vital Brazil esclareceu que a pesquisa teve início em maio, na Fazenda Vital Brazil, em Cachoeiras de Macacu (RJ), quando cavalos foram inoculados com a proteína S recombinante do coronavírus, produzida na Coppe/UFRJ. Após sete semanas, segundo o órgão, os plasmas de quatro dos cinco animais inoculados apresentaram de 20 a 100 vezes mais anticorpos contra o vírus do que os de pessoas que tiveram a Covid-19.

“O soro do Instituto Vital Brazil passou por testes in vitro, ou seja, em laboratório, que comprovaram que o medicamento bloqueou a ação do vírus”, diz um trecho da nota. A entidade disse ainda que agora está delineando os protocolos com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa para o início dos testes clínicos em voluntários. A testagem inicialmente deve ser feita com 41 pessoas.

Argentina. Segundo o La Nación, a Anmat, agência reguladora de medicamentos da Argentina, aprovou no dia 22 de dezembro de 2020, o uso de um soro equino hiperimune desenvolvido pela empresa de biotecnologia Inmunova, para pacientes adultos com quadros moderados a graves de Covid-19.

O ensaio clínico que permitiu obter essa aprovação avaliou a segurança e eficácia em 242 pacientes hospitalizados com pneumonia moderada (sem necessidade de suplementação de oxigênio) a grave (com oxigênio) por SARS-CoV-2 confirmada por exame PCR (121 pessoas receberam o soro e 121, um placebo).

Os resultados mostraram benefícios significativos especialmente em pacientes com sintomas mais graves: “Redução de 45% na mortalidade, 24% em necessidade de encaminhamento para unidade de terapia intensiva e 36% em uso de ventilação mecânica”, destacou o infectologista Gustavo Lopardo, que conduziu o ensaio clínico e foi diretor do projeto no país.


De acordo com nossos esforços para alcançar mais pessoas com informação verificada, Aos Fatos libera esta reportagem para livre republicação com atribuição de crédito e link para este site.

Referências

  1. Facebook
  2. La Nación

Compartilhe

Leia também

falsoBolsonaro não foi inocentado de acusação de tentativa de golpe

Bolsonaro não foi inocentado de acusação de tentativa de golpe

falsoImagem que circula nas redes é antiga e não mostra ataque de rebeldes do Iêmen contra porta-aviões dos EUA

Imagem que circula nas redes é antiga e não mostra ataque de rebeldes do Iêmen contra porta-aviões dos EUA

falsoEstudo da USP não comprova que máscaras foram inúteis e perigosas na pandemia de Covid-19

Estudo da USP não comprova que máscaras foram inúteis e perigosas na pandemia de Covid-19