🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Outubro de 2018. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Não é verdade que urna no Pará anulou voto para Jair Bolsonaro

Por Judite Cypreste

28 de outubro de 2018, 14h30

Não procede a acusação de fraude feita em vídeo por um eleitor de Belém do Pará que, ao digitar 17 na urna para governador, foi informado que voto era nulo. Isso ocorreu porque, naquele Estado, não há candidatos do PSL, partido de Jair Bolsonaro, concorrendo a esse cargo no segundo turno. São as próprias imagens que desmentem o eleitor: a tela da urna mostrada registrava voto para o governo estadual e não para a Presidência da República, como ele alega no vídeo.

Além de negar a possibilidade de fraude, o TRE-PA (Tribunal Regional Eleitoral do Pará) informou neste domingo (28) que foi feita uma tentativa para impedir a filmagem por parte da supervisora da mesa de votação, que foi empurrada pelo eleitor. A polícia foi chamada e a Justiça já determinou a busca e a autuação do homem o que, até momento, não ocorreu.

No Facebook, o vídeo já soma mais de 7,8 mil compartilhamentos até esta tarde. Em apenas um dos compartilhamentos, o conteúdo já foi visualizado cerca de 30 mil vezes. O conteúdo foi denunciado por usuários do Facebook e classificadas com o selo FALSO na ferramenta de verificação da rede social (entenda como funciona). A checagem do vídeo também foi sugerida por leitores do Aos Fatos por meio de sua ferramenta de checagem por WhatsApp. Para sugerir uma verificação, envie uma mensagem para (21) 99747-2441.

As informações foram verificadas por Aos Fatos e pela Agência Lupa. Confira abaixo em detalhes.


FALSO

Olha gente, eu apertei 17, e tá aparecendo nulo olha aqui. Sou eleitor do Bolsonaro. Urna adulterada, pode chamar a polícia pra me prender

Não é verdade que urna eletrônica no Pará registrou voto nulo de um eleitor que digitou 17, número da chapa presidencial de Jair Bolsonaro (PSL). No próprio vídeo divulgado pelo homem, que se identifica como Paulo Roberto Duarte Pereira, é possível ver claramente que a tela da urna mostrava o voto para governador. No Pará, o PSL não tem candidatos neste segundo turno, que é travado entre Helder Barbalho, do MDB, e Márcio Miranda, do DEM. Portanto, é correto que a urna indique opção pelo voto nulo nesse caso.

O caso ocorreu na Escola Manoel Leite Carneiro, no bairro do Tenoné em Belém, capital paraense. O TRE afirmou, em nota, que foi feita uma tentativa para impedir a filmagem por parte da supervisora da mesa de votação, que teria sido empurrada pelo eleitor. A polícia foi chamada, mas não pode prender o eleitor, que se identificou como policial militar da reserva. Uma juíza determinou a busca e a autuação do homem o que, até momento, não ocorreu.

Neste segundo turno de eleições, a votação é apenas para dois cargos: o de governador, para as unidades federativas que tiveram segundo turno, e o de presidente da República, que está sendo disputada por Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT). A ordem de votação na urna eletrônica é respectivamente esta: governador e presidente. O PSL de Bolsonaro disputa o segundo turno nos estados de Roraima, Rondônia e Santa Catarina, segundo levantamento realizado no site dos resultados das eleições do TSE.

No primeiro turno, vídeos parecidos, com eleitores apertando números inexistentes para determinados cargos eleitorais, também foram veiculados nas redes. Em nota, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) afirmou que houve engano por parte dos eleitores quanto à ordem de votação, e por isso a mensagem de voto nulo aparecia na urna após a digitação do número.

O órgão lembra também que filmar o voto é proibido pela resolução 23.399/13 que veta ao eleitor o porte de “aparelho de telefonia celular, máquinas fotográficas, filmadoras, equipamento de radiocomunicação, ou qualquer instrumento que possa comprometer o sigilo do voto” na cabine de votação. Quem desrespeita essa regra pode ser enquadrado no artigo 347, do Código Eleitoral, por desobedecer ordens da Justiça Eleitoral, estando sujeito à multa e à detenção por três meses a um ano, e no artigo 312, por violar o sigilo do voto, sujeito à detenção por até dois anos.

Neste sábado e domingo, a equipe do Aos Fatos se uniu a outras cinco agências de checagens de notícias no Brasil para verificar as mensagens de conteúdo suspeito neste segundo turno de eleições. A parceria reúne Fato ou Fake, Agência Lupa, Projeto Comprova, Boatos.org e E-Farsas.


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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