🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Março de 2021. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Não é verdade que governadores escondem vacinas contra Covid-19

Por Priscila Pacheco

15 de março de 2021, 14h52

É falso que governadores escondem vacinas recebidas do governo federal como forma de desestabilizar o presidente Jair Bolsonaro (veja aqui). Segundo publicações que circulam nas redes sociais, os 14 estados que enviaram uma carta ao presidente no dia 4 de março para cobrar a compra de mais vacinas aplicaram apenas 60% das doses recebidas (veja aqui). Na verdade, o Ministério da Saúde orienta que parte das unidades seja, de fato, guardada para garantir a administração da segunda dose em pessoas que já receberam a primeira.

As publicações com o conteúdo enganoso têm ao menos 2.100 compartilhamentos no Facebook nesta segunda-feira (15). A desinformação também tem circulado no Instagram, onde possui cerca de 25.300 visualizações. Todas as publicações foram marcadas com o selo FALSO na ferramenta de verificação das plataformas (saiba como funciona).


Governadores ‘escondem’ vacinas para desestabilizar o presidente Bolsonaro

Têm circulado nas redes sociais postagens que dizem que os governadores que enviaram uma carta ao presidente Jair Bolsonaro pedindo providências para a compra de mais vacinas escondem parte das doses recebidas para desestabilizar o governo. As publicações argumentam que apenas 60% das vacinas enviadas foram aplicadas até o momento. No entanto, conforme e-mail do Ministério da Saúde enviado ao Aos Fatos, a orientação da pasta é que uma parte das vacinas seja reservada para garantir a aplicação da segunda dose em quem já recebeu a primeira.

Os dois imunizantes administrados no Brasil contra a Covid-19 precisam de duas doses para que seja alcançada a imunidade global. No caso da CoronaVac, a segunda rodada ocorre entre duas e quatro semanas após a primeira. Já a vacina de Oxford/Fiocruz só exige segunda aplicação num prazo de três meses.

O estoque de vacinas para a segunda dose está previsto no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra Covid-19, que também orienta que seja considerada uma reserva técnica de 5% para possíveis perdas operacionais, como eventuais problemas que danifiquem os imunizantes.

Estados. Os textos compartilhados nas redes mencionam um carta enviada por 14 governadores a Bolsonaro no dia 4 de março na qual afirmam que "a vacinação em massa, com a maior brevidade possível, é a alternativa que se afigura como a mais recomendável" diante de uma pandemia que "seguirá ceifando vidas". Como exemplo, as peças de desinformação listam os casos de Piauí, Bahia e Ceará, administrados por governadores do PT, e Maranhão, cujo governador é do PC do B.

Por e-mail, a Secretaria Estadual de Saúde da Bahia disse que segue as orientações do Ministério da Saúde e armazena cerca de 50% das doses da CoronaVac: “Novas remessas são liberadas à medida em que chega o momento do início desta segunda dose”. O Ceará também respondeu que reserva parte dos imunizantes para a segunda rodada de vacinação.

Já o Maranhão afirmou que, devido à baixa cobertura vacinal em seus municípios, o governo estadual emitiu um decreto estipulando que, para receberem mais lotes de imunizantes, as cidades terão que ter vacinado ao menos 60% de seus habitantes. Na última sexta-feira (12) o decreto foi atualizado, aumentando para 70% o número mínimo de vacinados para a liberação de mais lotes.

O Piauí não respondeu ao contato feito pelo Aos Fatos. Entretanto, no dia 25 de fevereiro, em reportagem publicada pelo G1, o superintendente de Atenção Primária à Saúde e Municípios do estado, Herlon Guimarães, havia dito que o Piauí seguia a orientação de reservar imunizantes para garantir a vacinação completa. “Por isso, de todas as remessas recebidas até agora no estado, é distribuída a quantidade necessária apenas para a primeira dose”, disse.

Fonte dos dados. As peças de desinformação citam dados da plataforma Vacina Brasil, do Laboratório de Estudos Espaciais do Centro de Pesquisas Computacionais da Rice University, dos Estados Unidos, que coleta informações da Coronavirusbra1 (uma plataforma independente criada no início da pandemia e mantida por nove pessoas, cujos dados são usados pelo Our World in Data e pelo Johns Hopskins Coronavirus Resource Center).

Segundo os dados observados pelo Aos Fatos na Coronavirusbra1, mas com atualização na manhã desta segunda-feira (15), 78,23% do total de doses distribuídas em todo o Brasil já foram aplicadas. Isolando somente os números referentes aos quatro estados citados pelas postagens enganosas, é possível verificar que o Piauí já usou 77,21% das doses de vacinas recebidas; o Maranhão, 81,35%; a Bahia, 97,68%; e o Ceará, 86,66%.

A peça de desinformação também foi checada por Boatos.org e Agência Lupa.

Referências:

1. Aos Fatos
2. Ministério da Saúde (Fontes 1 e 2)
3. Vacina Brasil
4. Governo do Maranhão
5. G1
6. Boatos.org
7. Agência Lupa


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Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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