Não é verdade que a Mpox seja uma doença nova e que vacinas contra o vírus sejam recentes, como alegam publicações enganosas nas redes. Posts omitem que o vírus mpox foi identificado pela primeira vez em humanos em 1970 e que as vacinas a serem utilizadas são produzidas desde 2010 pela farmacêutica Bavarian Nordic.
Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam centenas de curtidas no Instagram até a tarde desta quinta-feira (22).
A OMS espera as Olimpíadas acabarem para declarar emergência mundial de Mpox e, por coincidência, já tem vacina para uma doença nova, que o governo acaba de comprar. E nós que somos negacionistas.
Publicações nas redes enganam ao afirmar que tanto a Mpox — doença antes chamada de varíola dos macacos — como a vacina contra o vírus mpox foram criadas recentemente, o que é falso.
A doença, considerada endêmica em países na África Central e na África Ocidental, teve o primeiro registro em humanos em 1970, na República Democrática do Congo. Os posts falsos ainda omitem que o vírus mpox foi descoberto em 1958, em macacos em um laboratório dinamarquês.
Em nota ao Aos Fatos, a farmacêutica Bavarian Nordic, fabricante da vacina contra o vírus mpox, explicou que produz o imunizante desde 2010 e que ele foi desenvolvido para cepas anteriores à nova variante — reforçando que a vacina contra a doença não é recente.
Segundo a biomédica Mellanie Fontes-Dutra, consultada por Aos Fatos, a vacina produzida pela Bavarian Nordic é eficaz em reduzir o risco de Mpox em até 85% dos casos após o esquema vacinal completo. A especialista explicou que a expectativa é de que imunizante seja efetivo contra a nova cepa do vírus, de estrutura semelhante à da cepa anterior.
Emergência em saúde. A OMS declarou emergência de saúde pública na última quarta-feira (14) devido a um novo surto de Mpox na República Democrática do Congo e em outros países da África. No Brasil, no dia seguinte, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciou a instalação de um centro de operações para coordenar ações de resposta à doença. Ainda não há notificação de casos da nova variante no país.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) também emitiu uma nota técnica sobre o assunto, e o Ministério da Saúde publicou um guia com orientações sobre medidas de vigilância e prevenção.
Desde a declaração da OMS, conteúdos enganosos têm espalhado desinformação sobre a Mpox, como a de que a doença estaria restrita à população LGBTQIAP+ ou a de que seria causada pela vacina da AstraZeneca contra a Covid-19.
O caminho da checagem
Aos Fatos buscou informações sobre a origem da Mpox e entrou em contato por email com a farmacêutica responsável pela principal vacina contra o vírus mpox, a Bavarian Nordic, que produz o imunizante desde 2010.
A reportagem também consultou especialistas para explicar sobre a eficácia do imunizante disponível contra a Mpox.
Aos Fatos ainda consultou a OMS para obter o posicionamento da instituição sobre o tema, mas não houve retorno até a publicação.