🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Novembro de 2022. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Montagem usa vídeos antigos para dizer que Lula não quer cumprir promessa de auxílio de R$ 600

Por Priscila Pacheco

3 de novembro de 2022, 18h54

Um vídeo que circula nas redes usa dois trechos de falas do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e uma passagem do Jornal Hoje, da Globo, para a alegação falsa de que o petista não irá cumprir a promessa de pagar Auxílio Brasil de R$ 600 com adicional de R$ 150 por filho. O trecho em que Lula afirma “ganhamos a eleição com um discurso e tivemos que mudar” foi gravado em 2015, não atualmente. Nesta quinta (3), a equipe de transição do governo eleito se reuniu com o relator do Orçamento, senador Marcelo Castro (MDB-PI), para buscar viabilizar a proposta.

A desinformação conta com ao menos 182 mil interações no TikTok e 4,2 mil curtidas no Instagram nesta quinta-feira (3).


Selo falso

Lula pego na mentira da promessa de auxílio de R$ 600

Montagem com a alegação falsa de que Lula desistiu do Auxílio Brasil de R$ 600

Uma montagem que mescla três vídeos está sendo compartilhada nas redes com a alegação falsa de que Lula mudou de ideia e não pretende mais manter a promessa de pagar Auxílio Brasil de R$ 600, com adicional de R$ 150 por filho de até seis anos. Os dois primeiros vídeos da montagem são recentes — uma entrevista de Lula ao SBT em 29 de setembro e um trecho do Jornal Hoje, da Globo, veiculado nesta quarta-feira (2) —, mas o trecho em que Lula teria admitido descumprir a promessa foi gravado em 2015.

No trecho final da peça, Lula diz “ganhamos a eleição com um discurso e tivemos que mudar”. O comentário foi feito em outubro de 2015, durante a reunião da executiva nacional do PT, e foi veiculado no Jornal da Globo. Lula se referia à campanha de 2014, e afirmou que aquilo criou um “problema político sério” para o governo da então presidente Dilma Rousseff (PT). Ele defendeu que as medidas de ajuste fiscal propostas pela petista fossem aprovadas no Congresso com o aval dos deputados do partido, mas o processo de impeachment foi iniciado em dezembro daquele ano.

A peça também engana ao omitir o trecho do Jornal Hoje em que aparece o senador Marcelo Castro (MDB-PI), relator do Orçamento no Congresso, dizendo que está pronto para discutir os dados que foi enviado ao Congresso pelo atual governo para levar em consideração o que a equipe de Lula quiser priorizar para manter o Auxílio Brasil de R$ 600. A fala do relator aparece a partir de 23 minutos e 50 segundos da reportagem original. Confira a íntegra abaixo:

“Esse valor [de R$ 600] só vai até o dia 31 de dezembro. Ou seja, para que esses 21,6 bilhões de famílias, no Brasil, recebam R$ 600 em janeiro é preciso que haja medidas legislativas agora. E o nosso tempo está curto porque nós temos que cumprir o orçamento até o dia 17 de dezembro. Então, nossa expectativa é de esperar para ver que proposta a equipe do novo governo vai trazer. Porque no orçamento que nós temos, que veio do executivo, não tem espaço orçamentário para isso. Então, a nova equipe vai ter que dizer: olha! nós queremos R$ 52 milhões, queremos mais isso, queremos mais aquilo e vamos tirar de tal lugar, vamos tomar tal medida.”

O PLOA (Projeto de Lei Orçamentária Anual) de 2023, enviado pelo Executivo ao Congresso em agosto, prevê o benefício com valor de R$ 405 no ano que vem, mas a equipe de transição do presidente eleito, liderada pelo vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), iniciou negociações a fim de aumentar o valor para R$ 600 a partir de 1º de janeiro.

Segundo Castro, a manutenção dos R$ 600 depende da aprovação de uma PEC (proposta de emenda à Constituição) para alterar o teto de gastos ou de uma medida provisória que abra crédito extraordinário, o que depende do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Referências:

1. SBT
2. Globo (1 e 2)
3. O Estado de S. Paulo (1 e 2)
4. Câmara
5. G1

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