Molon e STF não proibiram ação da PM em favelas do RJ; posts distorcem decisão da corte

Compartilhe

Postagens nas redes sociais distorcem e omitem informações ao alegar que o deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ) e o STF (Supremo Tribunal Federal) proibiram a ação da PM (Polícia Militar) nas favelas do Rio de Janeiro (veja aqui). Na realidade, o partido do parlamentar obteve no ano passado uma liminar na corte que restringiu as operações policiais durante a pandemia no estado a casos excepcionais. Outras funções da corporação, como o patrulhamento ostensivo, não foram afetadas pela decisão.

Esta peça de desinformação reunia ao menos 13.400 compartilhamentos nesta quinta-feira (16) no Facebook, e também circula no WhatsApp (Fale com Fátima).


É distorcida a alegação das postagens checadas de que o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), com a ajuda do STF (Supremo Tribunal Federal), conseguiu proibir a ação da PM (Polícia Militar) nas favelas do Rio de Janeiro. A decisão da corte favorável a uma ação impetrada pelo partido do parlamentar restringiu e regulamentou no ano passado apenas as operações policiais na pandemia, não todas as funções da corporação nesses locais, como o patrulhamento ostensivo e o atendimento.

Em novembro de 2019, o PSB registrou a ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) 635 no STF contra a política de segurança pública do então governador do Rio, Wilson Witzel (PSC). Nela, o partido requisitava a suspensão de diversas medidas adotadas pelo governo estadual, como o uso de helicópteros para atirar e mandados de busca e apreensão coletivos e genéricos.

Em junho de 2020, o ministro do STF Edson Fachin acatou o pedido e determinou provisoriamente a restrição das operações nas favelas do estado, que passaram a ser permitidas apenas em casos excepcionais, com a comunicação imediata e por escrito ao Ministério Público. Dois meses depois, a maioria do plenário do Supremo confirmou a decisão, que permanece em vigor.

Um relatório do Instituto Fogo Cruzado e do Geni (Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos), da UFF (Universidade Federal Fluminense), apontou que, um ano após a decisão do Supremo, os números de baleados e de tiroteios caíram 28% e 25%, respectivamente, em relação ao período anterior à medida.

O estudo, porém, apontou que o comportamento das polícias nessas situações não foi alterado, dada a alta incidência observada na análise de baleados em tiroteios com a participação de agentes de segurança.

A ADPF também não impediu a realização da operação da Polícia Civil no Jacarezinho, que deixou 28 mortos na favela da zona norte do Rio, em maio. O Ministério Público disse que só foi comunicado após o início da ação.


Aos Fatos integra o Third-Party Fact-Checking Partners, o programa
de verificação de fatos do Facebook. Veja aqui como funciona a parceria.

Referências

  1. STF (1, 2 e 3)
  2. Conectas
  3. Poder 360
  4. G1

Compartilhe

Leia também

Japinha do CV não morreu e, na verdade, sequer é quem todo mundo pensava que era

Japinha do CV não morreu e, na verdade, sequer é quem todo mundo pensava que era

falsoVídeo de ato muçulmano em Nova York é de 2023 e não tem relação com novo prefeito

Vídeo de ato muçulmano em Nova York é de 2023 e não tem relação com novo prefeito

falsoVídeo que mostra suposta rota de fuga de chefe do Comando Vermelho foi gerado por IA

Vídeo que mostra suposta rota de fuga de chefe do Comando Vermelho foi gerado por IA

fátima
Fátima