Miriam Leitão não foi presa por assalto a banco nem anistiada

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Não é verdade que a jornalista Miriam Leitão foi acusada de assaltar bancos durante a ditadura militar. Também é falso que ela não foi condenada porque teria se beneficiado da Lei da Anistia, como alegam publicações nas redes sociais. Miriam Leitão de fato foi presa em 1972 por integrar o PC do B (Partido Comunista do Brasil), que era clandestino e considerado “subversivo” na época. A jornalista, no entanto, foi julgada e absolvida em 1974.

Posts com o conteúdo enganoso somavam 2.000 curtidas no Instagram, centenas de compartilhamentos no Facebook, além de milhares de compartilhamentos no X.

Amélia [Miriam Leitão] foi anistiada pela Lei da Anistia. Acusada de assaltos a agências bancárias com revólver 38 na mão. Não devolveu o dinheiro e nem foi presa.

Posts mentem ao alegar que Miriam Leitão foi acusada de assaltar bancos e não foi presa por ter sido anistiada, o que não ocorreu.

Posts nas redes sociais mentem ao afirmar que a jornalista Miriam Leitão já foi presa por assaltar agências bancárias e que não sofreu punições ao ser beneficiada pela Lei da Anistia de 1979.

As peças enganosas fazem alusão a uma falsa alegação, já desmentida pelo Aos Fatos, de que a jornalista teria participado do assalto a uma agência bancária do Bradesco em 1968. Na época, no entanto, ela tinha 15 anos e vivia em Caratinga (MG).

As peças enganosas usam essa desinformação para alegar que Miriam é contra a anistia aos participantes dos atos golpistas de 8 de Janeiro mesmo tendo se beneficiado pela Lei da Anistia — o que não aconteceu.

Miriam Leitão, de fato, foi presa em 1972 no Espírito Santo, mas não por participação em ação armada. Segundo registro do Ministério Público Militar, ela foi acusada de “agrupamento prejudicial à segurança nacional e propaganda subversiva” por integrar o PC do B (Partido Comunista do Brasil), que atuava clandestinamente à época.

A jornalista foi julgada e absolvida das acusações em agosto de 1974. A absolvição ocorreu cinco anos antes da promulgação da Lei da Anistia. Miriam não foi beneficiada pela lei por não ter sido condenada por quaisquer crimes políticos.

No PC do B, Miriam Leitão utilizava o codinome Amélia, como é possível constatar na ficha veiculada pelas peças de desinformação. Então estudante, ela participava de reuniões, distribuía panfletos e fazia pichações contra a ditadura.

Grávida do primeiro filho, o hoje jornalista Vladimir Netto, Miriam Leitão foi detida no 38º Batalhão de Infantaria de Vila Velha (ES), onde ficou por três meses e foi torturada.

Em relato divulgado em 2014, a jornalista contou ter sido agredida e humilhada por agentes, além de ter sido trancada, enquanto grávida, em um quarto escuro com uma jiboia.

O caminho da apuração

Consultamos documentos do Ministério Público Federal, além de checagens já publicadas pelo Aos Fatos, e constatamos que não há qualquer indício de que Miriam Leitão tenha participado de assaltos a agências bancárias. Os registros mostram que a jornalista foi presa em 1972 e absolvida em 1974. Como não foi condenada, ela não foi beneficiada pela Lei da Anistia promulgada cinco anos depois.

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