🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Março de 2020. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Mensagens que prometem cadastro para auxílio emergencial são golpe de roubo de dados

Por Luiz Fernando Menezes

30 de março de 2020, 17h10

Mensagens compartilhadas principalmente no WhatsApp enganam ao dizer que o governo federal iniciou o cadastro de pessoas de baixa renda para o recebimento de auxílio emergencial devido ao surto do novo coronavírus. Além de a informação ser falsa, porque o benefício ainda precisa ser sancionado pelo presidente, os sites difundidos para o suposto cadastro foram apontados como potencialmente maliciosos por ferramentas de verificação.

O Ministério da Cidadania também desmentiu as peças de desinformação e informou que a operacionalização dos pagamentos ainda não foi definida, uma vez que a medida ainda não está em vigor. Segundo a pasta, o site compartilhado é falso.

Diversas versões da mesma mensagem foram enviadas por leitores ao Aos Fatos pelo WhatsApp (acesse para receber as checagens). Devido à natureza da rede social, não é possível estimar o alcance do conteúdo. No Facebook, posts semelhantes foram marcados com o selo FALSO na ferramenta de verificação da rede social (saiba como funciona).


FALSO

BENEFICÍO DE R$600 REAIS DO GOVERNO FEDERAL - ! Governo federal iniciou o Agendamento do Auxilio Cidadão. Que dá ajuda mensal de R$ 600 REAIS para pessoas desempregada e pessoas com baixa renda para ajuda e combater CORONAVÍRUS.

GOVERNO acaba de liberar o cadastramento do AUXÍLIO EMERGENCIAL no valor de R$1.200,00. O Agendamento dever ser feito no APP oficial.

Circulam no WhatsApp nos últimos dias diferentes versões de mensagens que prometem liberar o cadastro para recebimento de auxílio emergencial do governo federal em decorrência do surto de Covid-19. O Ministério da Cidadania já desmentiu as peças de desinformação, dizendo que o benefício ainda foi não sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro. As mensagens, que ora prometem R$ 600, ora R$ 1.200, também trazem links potencialmente maliciosos.

Uma das correntes orienta os usuários a responderem as perguntas como “Você tem filhos?”, “Você é autônomo?” e pede que confirmem se desejam receber o auxílio. Mesmo quando a resposta é negativa nas três etapas, o usuário recebe uma mensagem que informa que o benefício foi aprovado. É requisitado, então, o compartilhamento do link (veja abaixo) como condição para o agendamento do benefício que, na verdade, não existe.

Em outra versão, é requisitado o preenchimento de um formulário que pergunta, além de nome completo, telefone, cidade de residência e se o usuário está ou não desempregado no momento. Da mesma maneira, não importa como campos são preenchidos, o site redireciona a pessoa para uma página (veja abaixo) que pede o compartilhamento da corrente no WhatsApp.

Os sites ainda fazem uso de outros recursos para enganar os usuários, como a utilização de logotipo com o slogan antigo do governo federal (“Brasil, um país de todos”) e a falsificação de comentários do Facebook — as mensagens, que aparecem automaticamente, não permitem cliques nem redirecionam os usuários para as páginas de quem comentou e também se repetem ao longo do tempo. As mesmas fotos e nomes associadas aos comentários aparecem em outra corrente falsa checada por Aos Fatos.

Aos Fatos verificou os links compartilhados pelas mensagens nas ferramentas de segurança do dfndrLab e Virus Total, que classificaram os endereços como “potencialmente perigosos”. Segundo os verificadores, os endereços possuem características de golpes de roubos de dados e informações pessoais.

Para não cair nesse tipo de golpe, basta seguir algumas dicas básicas, como nunca clicar em endereços estranhos recebidos via WhatsApp, principalmente de mensagens das quais não se sabe a procedência. Links oficiais do governo federal possuem o final “gov.br”, e não “.com” ou “.club”. Veja aqui mais dicas.

O avanço do novo coronavírus ampliado a frequência de golpes desse tipo no WhatsApp. Desde o começo de março, Aos Fatos já checou outras três mensagens que prometiam benefícios inexistentes: como a de que o governo teria liberado saques do fundo previdenciário e do Bolsa Família e um falso cadastro para o recebimento de um “auxílio-cidadão” de R$ 200.

Auxílio. O projeto de lei 9.236/2017, que prevê um auxílio emergencial no valor de R$ 600 para pessoas de baixa renda, foi aprovado pela Câmara dos Deputados no dia 26 de março e pelo Senado nesta segunda-feira (30). Segundo o texto, para ter direito ao pagamento, a pessoa deve ser desempregada, não receber outro benefício previdenciário ou assistencial, ter uma renda familiar menor do que meio salário mínimo (R$ 522,50) e não ter recebido, em 2018, rendimentos tributáveis acima de R$ 28.559,70.

Já o valor de R$ 1.200 será destinado apenas a mães solteiras (as chamadas famílias monoparentais). Nesses casos, o projeto o permite o recebimento de duas cotas do auxílio.

Para passar a valer, a medida precisa ser sancionada pelo presidente Bolsonaro.

Referências:

1. Ministério da Cidadania
2. Aos Fatos (Fontes 1, 2, 3 e 4)
3. Câmara dos Deputados (Fontes 1 e 2)
4. PSafe
5. Virus Total
6. Senado


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Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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