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Menção a 'kit gay' é ignorada em grupos de WhatsApp e provoca críticas a Crivella no Twitter

Por Débora Ely, Marina Gama Cubas e João Barbosa

2 de outubro de 2020, 18h39

A tentativa do prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos), de ressuscitar a desinformação sobre o "kit gay" durante o debate da Band desta quinta-feira (1) com candidatos à prefeitura pouco repercutiu entre grupos de WhatsApp bolsonaristas e, no Twitter, gerou uma onda de críticas ao político, mostra levantamento do Radar Aos Fatos.

Até a tarde desta sexta-feira (2), a fala foi mencionada apenas cinco vezes em 278 grupos de discussão política ativos no WhatsApp monitorados pelo Radar. Já no Twitter, 398 mensagens fizeram referência ao episódio, mas, das 100 mais populares, 93 criticavam o prefeito pela declaração ⏤ essas mensagens somaram quase 4.000 interações (retweets e curtidas), 95,7% do universo analisado.

No debate, Crivella mencionou a desinformação — replicada por bolsonaristas desde as eleições de 2018 — para criticar a candidata Renata Souza (PSOL). "Se o PSOL ganhar a eleição, nossas crianças vão ter uma coisa que tinham que ter em casa, que é orientação sexual. Vão ter kit gay na escola e vão induzir a liberação das drogas", disse.

No Twitter, a postagem com mais interação foi a da jornalista Flávia Oliveira, colunista do jornal O Globo e da rádio CBN e comentarista da GloboNews, que criticou o prefeito.

Outra postagem que gerou engajamento foi a de um usuário que criticou, em tom irônico, a fala de Crivella.

Na análise, apenas três tweets foram classificados como neutros e outros três tinham conteúdo noticioso.

O "kit gay". Compartilhadas pelos apoiadores do então candidato Jair Bolsonaro na campanha eleitoral de 2018 contra Fernando Haddad (PT), peças de desinformação sobre o chamado "kit gay" já foram checadas pelo Aos Fatos ao menos cinco vezes (aqui, aqui, aqui, aqui e aqui) desde então.

O conteúdo enganoso deturpa o projeto Escola Sem Homofobia, desenvolvido por ONGs (organizações não governamentais) do movimento LGBT em convênio com o FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) e que tinha como público-alvo adolescentes e jovens estudantes do ensino médio.

Financiado por uma emenda parlamentar, o Escola Sem Homofobia foi apresentado em 2011, quando Haddad era ministro da Educação, no governo de Dilma Rousseff (PT). O ex-candidato não participou de sua elaboração, e o programa nunca foi implantado na rede de ensino – Dilma vetou a iniciativa após pressão da bancada evangélica no Congresso.

Metodologia. Para a análise dos dados, foram coletadas, na manhã desta sexta-feira (2), postagens que faziam referência a Crivella e ao termo “kit gay”, entre as 22h de quinta-feira e as 13h de sexta-feira, via API do Twitter. A captura retornou 398 tweets. Em seguida, as 100 postagens mais populares (curtidas + retweets) foram classificadas da seguinte maneira: crítica, desinformação, neutro, notícia, humor e falso positivo.

sobre o

Radar Aos Fatos faz o monitoramento do ecossistema de desinformação brasileiro e, aliado à ciência de dados e à metodologia de checagem do Aos Fatos, traz diagnósticos precisos sobre campanhas coordenadas e conteúdos enganosos nas redes.

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