🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Maio de 2019. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Meme que critica manifestações pela Educação usa fotos de protestos antigos

Por Luiz Fernando Menezes

16 de maio de 2019, 16h30

São de manifestações antigas as fotos utilizadas por meme que circula pelas redes sociais sugerindo que os protestos realizados nesta quarta-feira (15) privilegiaram outras pautas políticas em detrimento da Educação. Aos Fatos verificou que:

1. A primeira imagem, de um cartaz “Lula Livre”, já tinha sido publicada em novembro de 2018 e indica ter sido tirada no acampamento de mesmo nome, em Curitiba;

2. A foto de dois homens se beijando é, na verdade, de um “beijaço” ocorrido em Ribeirão Preto (SP) em 2015;

3. Já a imagem de um incêndio é da primeira manifestação contra o aumento das tarifas de ônibus, em junho de 2013, em São Paulo;

4. A última foto, por mais que retrate uma manifestação contra os cortes anunciados pelo governo Bolsonaro, não foi registrada nesta quarta-feira (15), mas em abril, logo após o anúncio de bloqueio de verbas.

O meme com as quatro imagens foi produzido por Samuel Costa e vem sendo difundido por perfis pessoais no Facebook, onde acumulava mais de 10 mil compartilhamentos até a tarde desta quinta-feira (16). Todas as publicações foram marcadas com o selo FALSO na ferramenta de verificação (entenda como funciona).


FALSO

Motivos da greve: 60% Lula livre, 20% lacrar, 19% baderna e 1% corte de verbas.

Nenhuma das imagens utilizadas por um meme que critica os protestos realizados nesta quarta-feira (15) contra os cortes da Educação foi, de fato, registrada durante uma dessas manifestações. A peça de desinformação utiliza, por exemplo, fotos de um dos protestos de junho de 2013 e de um “beijaço” de 2015 para sugerir que a greve tinha cunho político e que a educação não era a pauta principal.

Veja abaixo, em detalhes, as checagens de cada imagem:

Lula Livre. A imagem de um cartaz que estampa a frase “Lula Livre!”, na verdade, é um recorte de uma foto de Albari Rosa, do jornal Gazeta do Povo.

O registro em questão circula pelas redes sociais desde novembro de 2018, quando foi publicada pelo Tribuna Paraná.

Beijaço. A segunda foto do meme, que traz dois homens se beijando e um terceiro segurando um cartaz, também não foi registrada nos protestos de quarta, mas em um “beijaço” ocorrido em Ribeirão Preto (SP) em janeiro de 2015.

Na ocasião, jovens protestaram em frente ao estabelecimento Milwaukee American Bar, que, um dia antes, teria expulsado um casal de mulheres que haviam se beijado em público.

Jornadas. A cena de um incêndio em via pública também não foi registrada nos protestos desta quarta. A foto, tirada por Gabriela Batista, da revista Veja, é do primeiro ato contra o reajuste da tarifa de ônibus, em São Paulo, ocorrido em junho de 2013.

É verdade, no entanto, que um ônibus foi incendiado após um dos protestos contra os cortes da educação. Segundo o G1, o veículo foi queimado após uma confusão entre manifestantes e policiais militares no Rio de Janeiro.

Cortes. A última foto utilizada, por mais que represente, de fato, uma manifestação contra os cortes na Educação, não foi registrada nesta quarta. A imagem, captada por Rodolfo Buhrer, da Reuters, já havia sido utilizada por sites de notícias no dia 10 de maio.

Segundo a revista Exame, a foto é de uma manifestação ocorrida logo após o anúncio de contingenciamento de R$ 2,2 bilhões pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub.

Outro lado. Aos Fatos entrou em contato com Samuel Costa, criador do meme, para que ele pudesse comentar os resultados da checagem, mas ainda não obteve resposta.


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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