🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Outubro de 2018. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

MEC não distribuiu 'kit satânico' para crianças; corrente no WhatsApp espalha boato de 2013

Por Judite Cypreste

18 de outubro de 2018, 20h40

O MEC (Ministério da Educação) não distribuiu um “kit satânico” em escolas públicas conforme afirma corrente de WhatsApp com informações falsas. Na verdade, a corrente, com informações mentirosas que circulam desde 2013, distorce o conteúdo do material do projeto educacional BÚ! Histórias de Medo e Coragem, voltado para professores e alunos de 4° e 5° anos do ensino fundamental, e distribuído em 2013 e 2014.

O material do projeto não tinha o objetivo de “ensinar crianças entre cinco e sete anos a realizar rituais macabros”, como alega de forma mentirosa o texto da corrente. Distribuído em algumas escolas, o material do projeto educacional BÚ! Histórias de Medo e Coragem teve como objetivo incentivar os alunos a produzirem conteúdos sobre medos e coragem através da leitura e produção de contos. Esse projeto é uma das ações de incentivo a literatura do Programa Endesa Brasil de Educação e Cultura e do Ministério da Cultura, e não pelo MEC como informa incorretamente o texto da corrente.

A corrente que circula pelo WhatsApp, foi enviada ao Aos Fatos por um leitor como sugestão de checagem (saiba mais aqui). Para enviar um conteúdo para ser checado, envie uma mensagem para (21) 99747-2441.

Veja abaixo, em detalhes, o que checamos.


FALSO

Fim dos tempos: Governo Federal distribui “Kit Satânico” em escolas públicas através do MEC

Sob o título “Depois do kit gay, agora é a vez do kit satânico!!!”, uma corrente com informações FALSAS circula no WhatsApp atribuindo ao governo federal e ao MEC a distribuição de material em escolas públicas do país que ensinaria a crianças entre cinco e sete anos a prática de rituais macabros. A frase também faz referência a outro alvo constante de falsas afirmações, o "kit gay", rótulo dado por opositores ao programa Escola Sem Homofobia. Para ver checagens sobre esse conteúdo, acesse reportagens de Aos Fatos aqui e também aqui.

A corrente distorce informações sobre o material que é, na verdade, parte de um projeto de incentivo à leitura chamado BÚ! Histórias de Medo e Coragem, distribuído em escolas públicas — e não em todas as instituições do país — dos municípios do Ceará (Aquiraz, Caucaia, Fortaleza, Iguatu e São Gonçalo do Amarante), Goiás (Cachoeira Dourada de Goiânia, Goiânia e Itumbiara), Minas Gerais (Cachoeira Dourada de Minas Gerais e Capinópolis), Rio de Janeiro (Cabo Frio, Macaé, Niterói, Petrópolis, São Gonçalo e Teresópolis) e Rio Grande do Sul (Santo Ângelo, Garruchos e São Luiz Gonzaga).

O projeto é uma das ações de incentivo à literatura do programa Endesa Brasil de Educação e Cultura e em parceria com o Ministério da Cultura. O programa educacional da Endesa foi criado com “objetivo de contribuir para a qualificação do processo de alfabetização e letramento de crianças em escolas públicas de todo o país” e já teve outros projetos como os Contadores de Histórias Encantadas, o Teatro de Brinquedo e a Arteca, segundo informações disponíveis no site do programa.

Uma outra informação falsa da corrente é sobre a titularidade do projeto, que não é do MEC, e sim de uma parceria entre Ministério da Cultura e Programa Endesa Brasil de Educação e Cultura.

O material didático foi enviado para 1.000 professores que se inscreveram para participar do projeto, e também está disponível no site da ação para download. De acordo com a corrente, foram distribuídos “símbolos satânicos, como um diadema com chifres de capeta, um chapéu de bruxa com peruca e unhas de mentira e cálice de caveira, na qual a professora deveria usar ao ler as histórias de terror”. Este material, no entanto, nunca fez parte do programa. O kit verdadeiro contém apenas um Livro do Mestre, orientando sobre as 7 atividades da proposta, e 9 fichas com histórias. De acordo com o cronograma, ao fim das atividades os alunos produzem contos que podem ser enviados para a participação de um concurso cultural. Os alunos vencedores tiveram seus textos publicados em uma coletânea.

Ainda de acordo com a corrente, um trecho de um feitiço faria parte do kit distribuído: “Arranque as penas do pássaro preto enquanto ele estiver cantando. Use um pequeno caldeirão para misturar a pena, um pouco de água benta e uma colher de alpiste”. O trecho destacado, entretanto, faz parte do Livro do Mestre, publicação destinada a metodologia do material para os professores, e dá dicas de como explicar para crianças as diferenças entre poções, feitiços e encantamentos. Vale destacar que em uma das atividades é proposto que o educador converse com seus alunos para que “nenhum medo ou história” seja “usado para fazer mal aos outros”.


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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