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🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Janeiro de 2020. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Marcos Pontes erra ao dizer que base do Brasil na Antártida é fruto do governo Bolsonaro

Por Luiz Fernando Menezes

13 de janeiro de 2020, 16h17

Em um tweet publicado nesta segunda-feira (13), o ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes, atribuiu falsamente ao governo Bolsonaro a construção da nova Estação Antártica Comandante Ferraz, base brasileira que será inaugurada nesta terça-feira (14).

As obras foram licitadas em 2015, na gestão Dilma Rousseff (PT), e tocadas a partir do início de 2016. Segundo a Marinha, o atual governo foi responsável apenas pela etapa final da empreitada. A estação foi reconstruída após ser atingida por um incêndio em 2012.

Veja abaixo, em detalhes, o que checamos:


FALSO

Inauguração Nova Estação Antártica Comandante Ferraz. Um grande projeto do Governo Jair Bolsonaro, através da parceria entre a Marinha do Brasil, responsável pela estrutura e operações, e o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, responsável pelas pesquisas — Marcos Pontes, ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, em seu Twitter oficial.

A obra de reconstrução da Estação Antártica Comandante Ferraz, destruída por um incêndio em 2012, não é um projeto do governo Bolsonaro, diferentemente do que afirmou, no Twitter, o ministro Marcos Pontes. De acordo com a Marinha, responsável pela obra, a reconstrução começou em 2016, durante o governo Dilma.

Logo após o incêndio em 2012, o governo federal, ainda sob a gestão da petista, determinou a instalação de módulos de emergência e o desmonte dos destroços da estação, segundo informou o Ministério da Defesa em outubro daquele ano.

Em 2013, o governo abriu licitação para empresas interessadas em participar da obra. No entanto, a rodada efetuada em 2014 terminou sem brasileiros interessados. Nesse meio tempo, uma nova tentativa foi feita para atrair estrangeiros, e, em 2015, a chinesa CEIEC (China Electronics Import and Export Corporation) saiu vencedora e assinou o contrato com o governo brasileiro.

De acordo com o histórico da execução das obras publicado pela Marinha, o objetivo era concluir a reconstrução em quatro etapas. A primeira delas terminou em dezembro de 2016, já no governo de Michel Temer (MDB).

A segunda fase foi concluída em março de 2017; a terceira, em novembro de 2017; e a quarta, mais demorada, acabou sendo dividida em duas etapas. Ao governo Bolsonaro coube a responsabilidade pela segunda etapa da quarta fase, que foi concluída em abril de 2019.

Com o fim das obras, foi feita uma série de testes na estação, que, por fim, será inaugurada. O custo total da reconstrução, segundo a Marinha, em email enviado ao Aos Fatos, foi de US$ 99,4 milhões.

A previsão inicial era que a estação voltasse a funcionar já em 2016, mas, além dos contratempos no processo licitatório, a Marinha cita como motivo para a demora a condição meteorológica da região — que é sujeita a tremores e ventos de mais de 200 km/h —, que impossibilitou o trabalho em diversas épocas do ano. A empresa chinesa só conseguia trabalhar nas instalações durante o verão antártico (outubro a março).

A obra. Criada em 1984, a Estação Antártica Comandante Ferraz foi consumida por um incêndio em 2012. Na ocasião, dois marinheiros morreram — Carlos Alberto Vieira Figueiredo e Roberto Lopes dos Santos — e 70% das instalações foram perdidas. Não foram afetadas pela tragédia estruturas isoladas da sede principal, como refúgios, alguns laboratórios e módulos de captação de água doce.

A inauguração da nova base está marcada para terça-feira (14), às 17h. O evento inicialmente teria a presença do presidente Jair Bolsonaro, mas sua ida foi cancelada por recomendação médica. Em seu lugar, representará o Executivo o vice-presidente Hamilton Mourão.

Outro lado. Procurado por Aos Fatos, o ministro Marcos Pontes não respondeu até a publicação desta checagem, na tarde de segunda-feira (13).

Referências:

1. Ministério da Defesa
2. Marinha (Fontes 1, 2 e 3)
3. EBC (Fontes 1 e 2)
4. Correio Braziliense


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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