Não é atual nem tem relação com a reeleição de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) à presidência do Senado uma reportagem do Jornal da Cultura, da TV Cultura, em que o senador Marcos do Val (Podemos-ES) diz ter recebido R$ 50 milhões em emendas parlamentares para apoiá-lo. Na verdade, a reportagem é de 2022 e faz referência à primeira eleição de Pacheco, para o biênio 2021–2022.
Publicações que difundem a reportagem sem o devido contexto acumulavam 5.700 compartilhamentos no Facebook e 350 mil no TikTok nesta sexta-feira (3), além de circular no WhatsApp, plataforma na qual não é possível estimar o alcance (fale com a Fátima).
Posts nas redes sociais difundem como atual uma reportagem da TV Cultura, exibida em julho de 2022, sobre declarações feitas na época pelo senador Marcos do Val ao jornal O Estado de S. Paulo de que teria recebido R$ 50 milhões em emendas parlamentares como apoio à candidatura de Rodrigo Pacheco à presidência do Senado em 2021. Na reportagem, também é citado que Do Val disse posteriormente ter sido mal interpretado.
Em uma live transmitida na época, ele afirmou: “Só posso acreditar que fui mal interpretado quando concedi uma entrevista por telefone. Jamais houve qualquer tipo de negociação política para a eleição do presidente Rodrigo Pacheco, que envolvesse recursos orçamentários. Afirmo com toda certeza que jamais aconteceu . Em nenhum momento houve qualquer tipo de acordo para que eu apoiasse A ou B em troca de recursos ou qualquer outra vantagem”.
Em entrevista concedida à GloboNews, Do Val também disse que não foram oferecidos valores para apoiar Pacheco, defendeu a legalidade das emendas parlamentares oriundas do chamado orçamento secreto, e disse que todas as verbas foram destinadas ao Espírito Santo, seu estado de origem.
A reportagem da TV Cultura tem circulado para acusar Marcos do Val de ser um “traidor” que teria votado em Pacheco, que venceu por uma diferença de 17 votos a presidência do Senado em eleição ocorrida na quarta-feira (1°). Oficialmente, Do Val apoiou o senador Rogério Marinho, candidato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O voto dos senadores, no entanto, é secreto.
Por ter sido filmado enquanto abraçava Pacheco pela vitória, ele afirmou, em sua conta no Instagram: “O Pacheco é um amigo que tenho há 4 anos e com a educação que aprendi com o meus pais, fui dar os parabéns pela vitória e aproveitei para perguntar se amanhã será pautado o meu pedido da CPI do Terrorismo. Nada mais do que isso! Se vocês não gostaram de ver uma atitude civilizada, fiquem à vontade de deixar de me seguir!”.
Do Val também esteve em polêmica recente ao afirmar, à revista Veja, que participou de reunião com Bolsonaro e o ex-deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), preso na quinta-feira (2), quando teria sido demandado a gravar escondido alguma conversa que pudesse comprometer o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, que também preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo o senador, Bolsonaro não “mostrou contrariedade” ao plano golpista.