Marçal aproveita agressão de Datena para viralizar acusação falsa de estupro contra tucano

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O candidato à Prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) usou suas redes para amplificar uma acusação falsa que fez contra José Luiz Datena (PSDB) durante o debate da TV Cultura, no último domingo (15). A desinformação de que o tucano responde a um processo por estupro foi o estopim da agressão que passou a dominar a campanha.

Minutos antes de ser atacado, o ex-coach publicou em suas redes dois trechos do debate em que insinua que o adversário teria cometido o crime.

  • Juntos, os posts somaram mais de 300 mil curtidas e 9,6 milhões de visualizações no Instagram, até a manhã desta segunda-feira (16);
  • Marçal ainda fez uma terceira publicação, que dissemina um trecho do debate no qual provoca Datena por não ter conseguido agredi-lo em debate anterior. O corte foi visto mais de 3 milhões de vezes;
Print de corte publicado por Marçal com falsa acusação sobre Datena
Marçal parafraseou letra de música do Racionais MC's para fazer falsa acusação sobre Datena (Reprodução)

Conforme explicou o Aos Fatos, Datena foi acusado de assédio sexual — e não estupro — por uma colega de emissora em 2019. As acusações foram retiradas pela própria denunciante nove meses depois por meio de uma carta registrada em cartório. Após o arquivamento do caso, no entanto, a repórter afirmou ter sido induzida a voltar atrás e reforçou as acusações nas redes. O processo não foi reaberto.

A reportagem localizou ainda mais de dez canais de cortes no TikTok que publicaram o momento em que Marçal chamou Datena de estuprador. Os vídeos, no entanto, têm alcance bem menor do que o atingido pelo próprio candidato em suas redes.

A publicação de cortes das sabatinas e debates dos quais Marçal participa é uma de suas principais estratégias de comunicação. O candidato do PRTB promoveu inclusive campeonatos com prêmios em dinheiro durante a pré-campanha. A prática motivou a suspensão de seus perfis nas redes e um pedido de impugnação de candidatura cuja liminar foi negada pela Justiça.

Pós-cadeirada

Marçal também explorou nas redes a agressão de que foi vítima. Menos de cinco minutos após o fato, o perfil do candidato no Instagram publicou um corte do momento.

  • Até a manhã desta segunda (16), o vídeo já havia atingido mais de 18 milhões de visualizações;
  • Marçal ainda fez outras 23 publicações a respeito do tema, que foram vistas cerca de 95 milhões de vezes;
  • Em duas delas, Marçal compara a agressão sofrida por ele aos atentados contra Jair Bolsonaro (PL), em 2018, e contra Donald Trump neste ano.
Post no Instagram de Marçal sobrepõe imagens de atentados contra Jair Bolsonaro e Donald Trump com cena de cadeirada durante o debate
Marçal comparou a agressão sofrida durante debate a atentados contra Bolsonaro e Trump (Reprodução)

O ex-coach também fez uma transmissão ao vivo a partir do hospital Sírio-Libanes. No vídeo, ele muda o teor das acusações contra Datena, a quem chamou de “agressor de mulheres” — o que também não corresponde à acusação que pesou contra o tucano.

Durante a live no Instagram, o candidato do PRTB também comparou Datena ao atual prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), que já foi denunciado por violência doméstica, conforme boletim de ocorrência registrado em 2011 pela mulher dele. O caso não teve andamento pois ela não entrou com representação contra o marido.

O caminho da apuração

A reportagem analisou as publicações feitas por Pablo Marçal (PRTB) nas redes durante e depois do debate entre candidatos à Prefeitura de São Paulo promovido pela TV Cultura no último domingo (15). Foram encontradas duas publicações que repetiam falsas acusações contra Datena.

Procuramos pela repercussão da acusação também em canais de cortes no TikTok. Usamos reportagens da imprensa e documentos oficiais para contextualizar o caso.

ERRAMOS: Este texto foi atualizado às 18h17 de 16 de setembro de 2024 para corrigir a informação sobre o alcance dos posts no Instagram. As publicações tiveram 9,6 milhões de visualizações no período analisado, não 9,6 mil, como a reportagem informou inicialmente.

Referências

  1. Aos Fatos (1 e 2)
  2. Correio Braziliense
  3. CNN Brasil
  4. O Globo

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