Maioria de tuítes virais sobre regulação das redes equipara debate à censura

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Enquanto a regulação das redes mobiliza instituições dos Três Poderes e algumas das empresas de maior faturamento do mundo, os tuítes com maior engajamento sobre o tema ecoam o argumento central de parlamentares bolsonaristas contrários à criação de novas regras para as plataformas — o de que isso equivaleria à censura.

  • Entre janeiro de 2022 e março de 2023, postagens sobre regulamentação das plataformas e desinformação, acumularam mais de 7,5 milhões de interações;
  • Dos 100 tuítes mais populares sobre o tema, 83 são críticos às propostas de regulação, somando quase 900 mil curtidas e retuítes;
  • Já as publicações virais favoráveis à regulação (13) somaram apenas 242 mil interações.

O governo federal entregou na quinta-feira (30) sugestões para o relator do PL 2.630/2020, deputado Orlando Silva (PC do B-SP), que deve acrescentá-las ao projeto e pautar para votação na Câmara.

Uma das principais vozes contrárias à regulamentação nesse período foi o vereador carioca Carlos Bolsonaro (PL), que explorou o assunto durante a campanha eleitoral em cinco publicações, que atingiram 77 mil interações. “Estão desesperados para calar a internet e regular a mesma imprensa que hoje defende o descondenado”, tuitou, em junho do ano passado.

Neste ano, o posto tem sido ocupado pelo deputado Mário Frias (PL-SP), ex-secretário de Cultura do governo Bolsonaro. Ao todo, ele foi responsável por quatro publicações virais sobre o tema, que atingiram 32 mil interações. Na Câmara, Frias tenta retomar proposta feita pelo ex-presidente Jair Bolsonaro que limita a moderação de conteúdo nas redes sociais através do PL 3.227/2021.

“Tenho trabalhado nos bastidores para que qualquer PL que trate sobre regulamentação da mídia, passe por uma comissão extraordinária como previsto regimentalmente e com amplo debate, onde vamos defender os nossos pontos. Mais uma vez querem decidir sobre um direito na base da canetada. Não iremos permitir!”, escreveu em tuíte com quase 9 mil interações.

Também contrários à regulamentação estão sites que já publicaram peças desinformativas desmentidas pelo Aos Fatos. Ao menos seis tuítes virais contra a regulamentação vieram de perfis de sites como Revista Oeste, Terra Brasil Notícias e Gazeta BR. “Regulação das redes sociais nivela Brasil a China, Rússia e Irã”, publicou o Terra Brasil Notícias em 6 de fevereiro.

A publicação favorável sobre o assunto com mais engajamento foi feita pelo influenciador Felipe Neto, nomeado para compor grupo de trabalho do governo contra discurso de ódio nas redes sociais e defensor da regulamentação. Ele fez ao menos cinco postagens virais sobre o tema, que somaram mais de 176 mil interações.

“Enquanto não houver regulamentação das mídias digitais, políticos moleques continuarão usando suas redes sociais para transformar as casas institucionais em circo”, escreveu Neto no dia da abertura dos trabalhos do Congresso Nacional neste ano.

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