Não é verdade que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que o seu partido é uma organização criminosa e que ele compra votos dos mais pobres por R$ 10, como faz parecer um vídeo editado que circula nas redes sociais (veja aqui). O conteúdo manipula e tira de contexto duas declarações do petista em uma entrevista de 2017: um trecho em que ele opina sobre a conduta do MPF (Ministério Público Federal) na Lava Jato e outro onde exemplifica o que vê como benefício da transferência de renda para os mais pobres.
Postagens que trazem o vídeo com as declarações editadas contam com ao menos 284 mil compartilhamentos nesta terça-feira (24) no Facebook e receberam o selo FALSO na ferramenta de verificação da rede social (saiba como funciona).
Um vídeo que circula nas redes manipula e tira de contexto declarações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em uma entrevista de 2017 para fazer crer que ele disse que o partido é uma organização criminosa e que admitiu compra de votos. O conteúdo mistura trechos diferentes da gravação original: um em que o petista alega que a operação Lava Jato criou uma narrativa para criminalizar a sigla e outro em que exemplifica o que vê como benefício da transferência de renda para os mais pobres.
O primeiro trecho adulterado aparece na gravação original a partir do minuto 23. Nele, diz Lula: “Tanto o pessoal da Lava Jato de Curitiba, do Ministério Público, da Polícia Federal construíram uma mentira. A mentira é a seguinte: é que o PT era uma organização criminosa. O PT foi criado, o PT era a nave mãe, então o PT era uma organização criminosa. E o Lula, como era a pessoa mais famosa da organização criminosa, era o chefe. [...] Portanto, tudo que o Lula fez no governo foi para roubar. Essa tese não se sustenta”.
Já o trecho do conteúdo enganoso em que Lula diz que “você dá R$ 10 para o pobre e ele vira um consumidor”, já checado anteriormente por Aos Fatos, aparece a partir do minuto 45 da gravação original. O petista diz: “vamos dar ao povo a chance de resolver o seu problema. Vamos incluí-lo no mercado. Você dá R$ 10 para o pobre e ele vira consumidor, você dá R$ 10 milhões para um rico e ele enfia na conta bancária”.