Não é verdade que o áudio do microfone do presidente Lula (PT) foi cortado durante o discurso na Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) na terça-feira (23) ou que o governo americano tenha anunciado novas sanções contra o Brasil no evento. As peças de desinformação falseiam fatos sobre o encontro: o petista discursou normalmente e não foram anunciadas novas punições.
Publicações com os conteúdos desinformativos acumulavam mais de meio milhão de visualizações no TikTok, 100 mil curtidas no Instagram e centenas de compartilhamentos no Facebook até a tarde desta quarta-feira (24).
LULA PASSA VERGONHA NA ONU, POIS FALOU NOS SEUS DELÍRIOS DE RESSACA. TEVE MICROFONE CORTADO. NINGUÉM SUPORTOU O FALASTRÃO, NÉ??

Posts nas redes têm compartilhado um vídeo antigo fora de contexto para alegar que Lula teria tido seu áudio cortado durante o discurso da última terça (23) na abertura da Assembleia Geral da ONU. A gravação que tem sido apontada como recente pelas peças de desinformação foi registrada em setembro do ano passado, na Cúpula do Futuro da ONU.
Na ocasião, o presidente de fato teve o microfone desligado após estourar o tempo limite de cinco minutos determinado pelos organizadores do evento (veja abaixo).
As peças de desinformação também mentem ao alegar que Lula teria sido retirado do púlpito. Diferentemente do que sugerem os posts, a fala do brasileiro ocorreu sem interrupções (veja abaixo). O mesmo aconteceu durante seu discurso na conferência que discutiu a questão da Palestina, na última segunda-feira (22).
Enquanto Lula sobe ao púlpito da ONU para tentar posar de líder global, a expectativa é que no mesmo instante surjam medidas devastadoras que podem abalar relações comerciais, travar acordos bilionários e expor um constrangimento sem precedentes ao Brasil diante do mundo.

Outras publicações mentem ao afirmar que, durante o discurso de Lula, os Estados Unidos teriam anunciado novas retaliações ao Brasil. Em buscas na imprensa e nos canais oficiais dos dois países, Aos Fatos não encontrou qualquer referência a novas sanções dos americanos contra o país ou membros do governo durante ou após a fala do petista.
Na segunda-feira (22), no entanto, um dia antes da abertura da Assembleia Geral da ONU, o Departamento de Estado americano informou a inclusão de Viviane Barci de Moraes, mulher do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, na lista de sancionados pela Lei Magnitsky.
O governo americano também revogou os vistos do advogado-geral da União, Jorge Messias, do ex-procurador-geral José Levi, do ex-juiz eleitoral Benedito Gonçalves e de outros quatro auxiliares que atuaram com Moraes. Foram impostas ainda restrições ao ministro da Saúde Alexandre Padilha.
O caminho da apuração
Aos Fatos fez uma busca reversa de imagem e encontrou o vídeo original do discurso do presidente Lula em evento no ano passado, contextualizando que o político teve o áudio interrompido por ter estourado o tempo de fala.
A reportagem também procurou notícias na imprensa nacional e internacional sobre supostas retaliações dos Estados Unidos contra o Brasil que teriam sido divulgadas enquanto Lula discursava na abertura da Assembleia Geral da ONU, mas não encontrou nenhum resultado.




