🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Janeiro de 2023. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Lista de demissões em empresas em 2023 tem informações falsas

Por Luiz Fernando Menezes

18 de janeiro de 2023, 18h24

Não é verdade que empresas como a Toyota, o Carrefour, a Citröen e a Sadia tenham demitido milhares de funcionários já nos primeiros dias do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como afirma uma lista que circula nas redes sociais. Aos Fatos apurou que as informações a respeito de oito das 15 empresas citadas estão incorretas. Os posts desinformativos também divulgam o nome de companhias que não existem — caso de Nova Odessa, nome de município em São Paulo — e confundem o nome de outras, como o frigorífico Boibom.

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Publicações com a listagem enganosa circulam principalmente no WhatsApp, plataforma em que não é possível estimar o alcance. No Kwai, a lista também foi divulgada em vídeos que somam dezenas de milhares de visualizações.


Selo falso

O BRASIL DA RECONSTRUÇÃO: janeiro de 2023. EMPRESAS/DEMISSÕES: Toyota 12.000 funcionários. Carrefour 1.200 funcionários. Citroen 13.000 funcionários. Frigorífico Bom boi 890 funcionários. Riachuelo 2.000 funcionários. Nova Odessa 1.600 funcionários. Sadia 1.800 funcionários. Rede Baratão Supermercados 600 funcionários. Cacau show 3.000 funcionários. Americanas 20.000 funcionários. Twitter 600 funcionários. iFood 17.000 funcionários. Uber 12.000 funcionários. Mercado pago 6.000 funcionários. Amazon 17.000 funcionários.

Lista que circula nas redes sociais cita empresas que não demitiram

Publicações nas redes sociais têm compartilhado uma lista mentirosa com 15 empresas que teriam demitido milhares de funcionários nas primeiras semanas do governo Lula.

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Por meio de buscas na imprensa e contatos com as assessorias das companhias citadas, Aos Fatos identificou que as informações a respeito de oito delas estão incorretas:

  • Em nota, a Toyota informou que anunciou o fechamento da fábrica de São Bernardo do Campo (SP) em abril de 2022 e que ofereceu a seus empregados a possibilidade de optar pelo programa de demissão voluntária ou pela transferência para as cidades onde a operação continuaria (Sorocaba, Indaiatuba e Porto Feliz). Ainda segundo a empresa, “a mudança está sendo feita de forma gradual, com início em dezembro de 2022 e conclusão prevista para novembro de 2023”. A Toyota não informou o número de funcionários afetados, mas registros da imprensa local dão conta de cerca de 550 trabalhadores demitidos.
  • A assessoria do Carrefour também negou que houve demissões “relacionadas ao contexto político ou econômico do país”. Segundo a empresa, as atividades do grupo no Brasil seguem em franca expansão.
  • A Citröen disse, em nota, que a informação das peças “é totalmente improcedente e sem contato com a realidade”. Também não há notícias na imprensa de demissões recentes na empresa.
  • A BRF, que controla a Sadia, também desmentiu as peças de desinformação e afirmou que não há qualquer movimento programado de redução do seu quadro de funcionários.
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  • Em contato com o Aos Fatos, a assessoria da Uber no Brasil disse que a alegação das demissões “não procede” e que a empresa nem possui tantos funcionários no país. O número citado pelos posts é similar ao de um caso ocorrido em setembro de 2021, quando a Amasp (Associação dos Motoristas de Aplicativos de São Paulo) acusou a multinacional de excluir mais de 15 mil motoristas do aplicativo por conta do cancelamento excessivo de corridas. À época, no entanto, a companhia negou ter tomado a medida.
  • A Mercado Pago também negou, em nota, que houve demissões neste ano motivadas pela mudança de governo. “A empresa contratou cerca de 300 pessoas em 2022, assim como, nos primeiros dias de janeiro, somou outras dezenas profissionais ao seu quadro de funcionários no país”, disse a assessoria.
  • A Amazon também negou ao Aos Fatos as alegações da peça de desinformação. Entre novembro do ano passado e janeiro deste ano, no entanto, a empresa de fato demitiu cerca de 18 mil funcionários, mas em todo o mundo. Segundo posicionamento do CEO, Andy Jassy, as demissões ocorreram para “priorizar o que é mais importante para os clientes e a saúde a longo prazo dos negócios”.
  • Também é fato que ocorreram demissões no Twitter, mas elas não estão ligadas à mudança de governo no Brasil, e sim a uma alteração no comando da empresa. No dia 4 de novembro do ano passado, funcionários de diversos escritórios da rede social receberam a notícia de desligamento. Segundo o Poder360, houve demissões na sede brasileira, que contava com cerca de 150 trabalhadores, mas o número total de demitidos não foi noticiado. As mudanças ocorreram logo depois de o empresário americano Elon Musk comprar a empresa. O objetivo do magnata é reduzir os quase 7.500 empregados em todo o mundo para cerca de 2.000.

A única empresa que de fato anunciou a demissão de funcionários em 2023 — depois, portanto, de Lula assumir a presidência — foi a Riachuelo. No dia 10 de janeiro, a Guararapes, controladora da rede de lojas, anunciou que iria fechar a fábrica em Fortaleza. Segundo a CNN Brasil, 1.800 pessoas foram demitidas.

Contatadas por Aos Fatos, as assessorias da Rede Supermercados Baratão, da Cacau Show, da Americanas e do iFood não responderam até a publicação desta checagem.

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Erros. Além de disseminarem informações enganosas, as peças ainda erram o nome de algumas empresas. Na verdade, o nome da distribuidora de alimentos é Boibom, e não Bom boi, como está escrito nas publicações. Questionada sobre as supostas 890 demissões, a empresa não respondeu.

Aos Fatos também não encontrou nenhuma empresa chamada Nova Odessa (SP), que é o nome de uma cidade no interior de São Paulo. Em busca na imprensa local, foi encontrada uma reportagem do início de janeiro que aponta que o saldo de empregos no município ficou negativo em novembro de 2022, de acordo com os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). O levantamento mostra que foram registradas 920 contratações e 1.077 demissões — o que leva a um saldo negativo de 157 vagas no mercado de trabalho.

Colaborou Amanda Ribeiro.

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Referências:

1. Diário do Grande ABC
2. IG
3. Amazon
4. G1
5. Poder360 (1 e 2)
6. CNN Brasil
7. Jornal de Nova Odessa

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