Não é verdade que a vice-presidente dos Estados Unidos e candidata democrata à Casa Branca, Kamala Harris, defendeu que o X (ex-Twitter) seja suspenso nos Estados Unidos, assim como ocorreu no Brasil e na Venezuela. As peças de desinformação distorcem uma declaração feita por Kamala em 2019, quando ela argumentou que a plataforma deveria bloquear o perfil do ex-presidente Donald Trump por obstruir a Justiça.
A publicação enganosa tem sido compartilhada principalmente no Telegram, onde acumula milhares de visualizações, e também circula no Facebook, rede na qual foi compartilhada centenas de vezes.
Kamala Harris pede a censura de X nos Estados Unidos, no estilo do Brasil e da Venezuela, se ela for eleita presidente em novembro: ‘Ela perdeu seus privilégios e deveria ser suspensa, já que sua mensagem chega a bilhões de pessoas
Um vídeo antigo da vice-presidente dos Estados Unidos e candidata democrata às presidência do país, Kamala Harris, tem sido compartilhado nas redes de forma distorcida para sugerir que ela estaria defendendo a censura ao X (ex-Twitter) nos Estados Unidos.
As publicações usam uma entrevista de Kamala à CNN em outubro de 2019 na qual ela defendeu que a plataforma suspendesse a conta de Donald Trump. Sua fala, na íntegra, foi:
“Você tem que levar a sério uma tentativa de obstruir a Justiça. Você tem que levar a sério uma ameaça a uma testemunha e realmente à sua segurança e, potencialmente, à sua vida. E quando se fala de Donald Trump, ele tem 65 milhões de seguidores no Twitter. Ele provou estar disposto a obstruir a Justiça. Basta perguntar a Bob Mueller. Você pode consultar o manifesto do atirador em El Paso para saber que o que Donald Trump diz no Twitter impacta a percepção das pessoas sobre o que devem ou não fazer.”
Diferentemente do que afirmam as publicações, portanto, Kamala se referia especificamente à suspensão da conta de Trump, e não de toda a rede X.
Vale ressaltar que a plataforma bloqueou a página de Trump entre janeiro de 2021 — depois que apoiadores do ex-presidente invadiram o capitólio americano — e novembro de 2022, quando Elon Musk comprou a empresa.
O acesso ao X está bloqueado no Brasil desde uma decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), no dia 30 de agosto. Na Venezuela, a rede foi suspensa após uma determinação do ditador Nicolás Maduro no dia 8 de agosto.
A AFP também publicou um desmentido sobre o assunto.
O caminho da checagem
Aos Fatos transcreveu a fala de Kamala Harris na peça de desinformação e fez uma busca pelo texto, o que levou à íntegra da entrevista. Também foi feita uma busca por declarações recentes da candidata, mas nenhuma frase semelhante foi encontrada.
Para contextualizar a checagem, também foram feitas buscas de reportagens sobre bloqueios do X no Brasil e na Venezuela.