A Justiça Eleitoral determinou, em decisão provisória, que Google, Facebook e Bytedance — empresa responsável pelo TikTok — removam o vídeo em que Pablo Marçal (PRTB), candidato à Prefeitura de São Paulo, apresenta um documento falso para mentir que seu adversário Guilherme Boulos (PSOL) foi internado por uso de cocaína.
O juiz Rodrigo Marzola Colombini acatou o pedido de Boulos. Na mesma decisão, determinou que seja suspensa do YouTube a entrevista de Marçal ao podcast Inteligência Ltda. na noite de sexta-feira (4), quando ele anunciou a existência do documento. Após ser impedido de mostrá-lo no ar pelo apresentador Rogério Vilela, Marçal disse que iria publicá-lo no Instagram.
O juiz entendeu que os argumentos apresentados pelos advogados de Boulos para classificar o documento como falso eram plausíveis. Também apontou que o dono da suposta clínica onde o atendimento haveria ocorrido tem amizade com Marçal.
Ainda na noite de sexta-feira (4), Aos Fatos desmentiu o documento, que apresenta diversas marcas de falsificação:
- O RG de Boulos está errado. Há um dígito a mais do que o do documento original do candidato (confira aqui);
- O nome da clínica também está incorreto: de acordo com o registro do CNPJ e com sua própria página no Instagram, o estabelecimento se chama Mais Consultas, e não Mais Consulta, no singular, como consta;
- O texto também contém erros de português, como “por minha [mim] atendido” e “apresentou com quadro de surto psicótico grave”.
Além disso, a assessoria de Boulos apresentou vídeos que provam que o psolista participou de eventos e fez lives na data do suposto ocorrido e no dia seguinte.
Ao longo da madrugada e da manhã, outros veículos de imprensa apontaram novos indícios de que o documento foi forjado:
- O UOL mostrou que a assinatura presente no documento não condiz com a verdadeira, que pode ser encontrada em um processo do TJ-SP;
- O Globo entrevistou a ex-secretária do médico citado, morto em 2022, e ela disse que o profissional de saúde nunca trabalhou na clínica citada;
- A Folha de S.Paulo identificou ainda que o logotipo usado no papel timbrado é de uma clínica em Manaus, não em São Paulo.
O caminho da apuração
Aos Fatos teve acesso à íntegra da decisão da Justiça Eleitoral. Além do documento, também incluímos novas informações que foram publicadas na imprensa entre a madrugada e a manhã de hoje que ajudam a provar que o documento mostrado por Marçal é forjado.