Justiça de São Paulo, e não Moraes, mandou derrubar contas de Marçal

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Não é verdade que o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes foi o autor da decisão que derrubou a conta de Pablo Marçal (PRTB) no Instagram no último sábado (5). A suspensão do perfil foi ordenada pela Justiça Eleitoral de São Paulo após o ex-coach publicar um documento falso para acusar Guilherme Boulos (PSOL) de uso de drogas.

As publicações com a alegação enganosa acumulavam mais de 47 mil curtidas no Instagram e centenas de compartilhamentos no Facebook até a tarde desta terça-feira (8).

Moraes derruba a terceira conta de Pablo

Fotos de Moraes e Marçal circulam com legenda enganosa que diz que Moraes ordenou derrubada da terceira conta de Marçal.

São mentirosas as publicações que afirmam que o ministro Alexandre de Moraes foi o responsável por ordenar a suspensão dos perfis de Pablo Marçal das redes na véspera do primeiro turno. A conta @pablomarcalporsp, que publicou um receituário falso contra Guilherme Boulos, foi suspensa por ordem do juiz eleitoral Rodrigo Capez.

A decisão foi motivada por uma notícia-crime apresentada pela equipe de Boulos no último sábado (5). A campanha pediu a prisão preventiva e a adoção de medidas cautelares contra Marçal por divulgar fatos sabidamente inverídicos.

Entenda o que ocorreu abaixo:

  • Na noite da última sexta-feira (4), durante entrevista ao podcast Inteligência Ltda., Marçal anunciou que iria publicar uma prova de que Boulos seria usuário de cocaína. Minutos depois, foi postado na conta @pablomarcalporsp um receituário falso que dizia que o psolista teria dado entrada em uma clínica após um surto psicótico por uso de cocaína;
  • Naquela mesma noite, Boulos negou as alegações e apresentou provas de que não estava na clínica na data citada no documento. Aos Fatos também desmentiu a veracidade do receituário com base em uma série de elementos;
  • No sábado (5), Boulos processou Marçal na Justiça Eleitoral de São Paulo;
  • Às 8h, o juiz eleitoral Rodrigo Marzola Colombini concedeu uma liminar determinando a exclusão dos vídeos em diferentes redes, incluindo a entrevista ao Inteligência Ltda.;
  • Às 14h30, uma nova decisão, desta vez do juiz eleitoral Rodrigo Capez, determinou a suspensão da conta de Marçal no Instagram por 48 horas e requisitou à PF a instauração de um inquérito policial;
  • Após a derrubada, Marçal criou uma nova conta no Instagram — @spmarcal — que também foi derrubada por ordem de Capez.

Também no sábado, o ministro Alexandre de Moraes intimou o ex-coach a prestar depoimento à PF em até 24 horas. O magistrado apontou que Marçal estaria usando o X (ex-Twitter), rede social banida do Brasil, desde o dia 2 de outubro. O depoimento foi enviado, por escrito, nesta terça-feira (8).

“Ressalta-se que o uso sistemático deste perfil na data de hoje, bem como nos dias anteriores, se amolda à hipótese de monitoramento de casos extremados, em que usuários utilizam subterfúgios para acessar e publicar na plataforma X, de forma sistemática e indevida, com a finalidade de propagar desinformação em relação às eleições de 2024, com discurso de ódio e antidemocráticos, conforme manifestação da Procuradoria-Geral da República”, afirmou Moraes em um trecho da decisão.

A Reuters também desmentiu esta peça de desinformação.

O caminho da apuração

Para desmentir a alegação do post enganoso, Aos Fatos buscou as decisões da Justiça Eleitoral referentes ao caso e também analisou o conteúdo da intimação de Alexandre de Moraes contra Marçal.

Por fim, a reportagem recuperou os acontecimentos relacionados ao caso do documento forjado na noite de sexta-feira (4) e no decorrer do sábado (5) e montou uma breve linha do tempo.

Referências

  1. TSE (1 e 2)
  2. Aos Fatos (1, 2 e 3)
  3. TRE-SP (1 e 2)
  4. EBC
  5. UOL

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