Uma entrevista do senador Marcos do Val (Podemos-ES) feita em abril de 2020 voltou a ser compartilhada nas redes sociais com a alegação falsa de que o ex-deputado federal Jean Wyllys (PT) será intimado a depor na investigação sobre o caso Adélio Bispo (veja aqui). Na época, Do Val tentou convidar Wyllys para depor no Senado acerca da facada sofrida por Jair Bolsonaro (PL) em 2018, mas o convite foi rejeitado pelo Senado. Inquéritos da Polícia Federal apontam que Bispo agiu sozinho e Wyllys nunca foi intimado a depor nas investigações.
O vídeo descontextualizado acumulava mais de 4.000 compartilhamentos no Facebook até a tarde desta quarta-feira (3).
Com base em um vídeo divulgado em abril de 2020, postagens nas redes sociais alegam que o ex-deputado federal Jean Wyllys será intimado pela PF a depor no caso do atentado sofrido pelo presidente Jair Bolsonaro na campanha eleitoral de 2018. A informação divulgada no vídeo, entretanto, diz respeito a um pedido do senador Marcos Do Val para que Wyllys prestasse depoimento ao Senado sobre o caso. O pedido não foi votado e o ex-deputado nunca foi intimado nas investigações.
Naquela época, Do Val havia protocolado um convite para que Wyllys prestasse esclarecimentos à CCJ (Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania) do Senado sobre o caso. O convite estava baseado nas declarações de um homem chamado Luciano Mergulhador que afirmou, ao blogueiro Oswaldo Eustáquio, que conhecia Adélio Bispo e que ele havia visitado o gabinete de Jean Wyllys em 2013. A acusação, no entanto, não foi sustentada pelo próprio Luciano em depoimento à PF meses depois.
Após a repercussão do vídeo, Wyllys se defendeu das acusações, negou qualquer envolvimento com o caso e processou o senador por danos morais. Em agosto de 2021, a 5ª Vara Cível do Rio de Janeiro condenou Do Val a pagar R$ 41,8 mil em indenização ao ex-deputado. Até o momento, a PF finalizou dois inquéritos sobre o caso — um em setembro de 2018 e outro em maio de 2020 — e concluiu que Bispo agiu sozinho e a motivação seria “inconformismo político”. Jean Wyllys não foi citado ou ouvido em nenhum dos inquéritos.
Desde novembro de 2021, após uma decisão do TRF1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região), a polícia investiga os advogados que atuaram na defesa do agressor. Não há, no entanto, atualizações sobre esse inquérito.
Notícias antigas sobre o caso são recorrentemente recuperadas por desinformadores nas redes sociais. Em junho deste ano, por exemplo, o Aos Fatos também desmentiu a alegação de que a PF teria descoberto seis contas de email no nome de Adélio Bispo e que isso mostraria que o atentado teria sido arquitetado por outras pessoas.