JBS doou R$ 3,6 milhões para 12 integrantes de CPI criada para investigá-la

Compartilhe

Criada para investigar suspeitas de irregularidades em contratos com o governo, a CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) da JBS abriga ao menos 12 congressistas cujas campanhas eleitorais de 2014 foram financiadas direta ou indiretamente pelo frigorífico. Entre titulares e suplentes, a empresa doou mais de R$ 3,6 milhões para deputados e senadores de partidos governistas, como o PR e o PMDB, e de oposição, como o PT e o PDT.

O levantamento foi feito por Aos Fatos nas bases do Tribunal Superior Eleitoral a partir das prestações de contas apresentadas pelos próprios parlamentares. Foram levados em conta tanto os repasses feitos diretamente às campanhas dos congressistas e de seus aliados, quanto aqueles direcionados aos comitês dos partidos, que então remanejaram os recursos para os candidatos em questão.

A reportagem ateve-se às doações recebidas por deputados e senadores que haviam sido indicados para a comissão até a noite desta terça-feira (12). Dos 68 assentos disponíveis, 51 já estão ocupados. Siglas da base governista, como o próprio PMDB, relutam em indicar representantes para o colegiado.

Dos 12 parlamentares que receberam alguma quantia do frigorífico, o senador Wellington Fagundes (PR-MT), titular na comissão, foi o mais financiado. Sua campanha foi irrigada com R$ 1,4 milhão — mais de um terço do valor recebido pelos demais parlamentares. Segundo reportagem da revista Época, o ex-governador de MT Silval Barbosa (PMDB), em delação premiada, acusou Fagundes de receber dinheiro da JBS a título de propina.

Suplente, o senador José Medeiros (Pode-MT) não recebeu diretamente nenhum recurso da JBS, mas foi eleito na chapa do governador de MT, Pedro Taques (PSDB), que também é acusado por Silval Barbosa de receber ilegalmente R$ 4 milhões em doações ocultas. Eleito para o Senado em 2010, Taques renunciou ao cargo ao ser eleito governador em 2014.

Outra figura importante na comissão é Carlos Marun (PMDB-MS), nomeado relator da CPMI. Sua campanha para deputado também recebeu doação da JBS em 2014: R$ 103 mil. As quantias foram repassadas por meio das campanhas de correligionários Nelson Trad Filho, ex-prefeito de Campo Grande (MS), e Simone Tebet, senadora pelo mesmo Estado.

O senador Acir Gurgacz (PDT-RO) recebeu a segunda maior quantia, conforme os registros da Justiça Eleitoral. Sua campanha declarou ter arrecadado R$ 833 mil da JBS em 2014. Já Renzo Braz (PP-MG) foi o deputado que recebeu a maior quantidade de recursos do frigorífico: R$ 600 mil.

Bancada ruralista. Ao menos 15 titulares da comissão integram também a Frente Parlamentar da Agropecuária, constituída para defender os interesses do agronegócio no Congresso. Seu vice-presidente no Senado, Ronaldo Caiado (DEM-GO), é também vice-presidente da CPMI. Dos 12 congressistas que receberam doações oficiais da JBS, apenas os deputados Paulo Pimenta (PT-RS) e Paulo Rocha (PT-PA) não integram o grupo.

No total, a JBS, empresa do grupo J&F, doou mais de R$ 106 milhões para candidatos a deputado, senador, governador e presidente da República em 2014.

Compartilhe

Leia também

O que é sensação térmica e como seu cálculo tem causado confusão em meio à onda de calor

O que é sensação térmica e como seu cálculo tem causado confusão em meio à onda de calor

No ano da COP-30, governo Lula vive disputa por exploração de petróleo na foz do Amazonas

No ano da COP-30, governo Lula vive disputa por exploração de petróleo na foz do Amazonas

falsoVídeo de protesto de celebridades contra  Kanye West foi gerado por IA

Vídeo de protesto de celebridades contra Kanye West foi gerado por IA