Não é verdade que a operação Carbono Oculto tenha revelado que a organização criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) financiou e manipulou pesquisas eleitorais da Quaest em 2022 para favorecer o presidente Lula (PT). A Genial Investimentos, que encomendou as pesquisas e seria intermediária no esquema, não é investigada no âmbito da operação.
Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam 52 mil curtidas no Instagram e dezenas de compartilhamentos no Facebook até a tarde desta segunda-feira (8).
A facção criminosa usava empresas para lavar dinheiro, incluindo uma ligada a Genial Investimentos. A Genial é a mesma empresa que financiou o Instituto de Pesquisas Quaest (..) A conexão é direta. O banco Genial, já implicado em corrupção, teria usado dinheiro do PCC para pagar por pesquisas que influenciavam a opinião pública a favor do PT

Publicações nas redes enganam ao alegar que a operação Carbono Oculto, que investiga um esquema de lavagem de dinheiro do PCC, teria revelado que a organização criminosa usou a instituição Genial Investimentos para financiar pesquisas eleitorais da Quaest e favorecer o presidente Lula durante a corrida eleitoral de 2022.
Não há qualquer referência a levantamentos eleitorais ou ao instituto de pesquisa nos comunicados de autoridades sobre o caso. O MP-SP (Ministério Público de São Paulo) também confirmou que a Genial Investimentos não é alvo da operação.
As menções ao banco na investigação se restringem ao fato de a instituição ter administrado temporariamente o Fundo Radford, que de fato foi incluído na lista de investigados sob suspeita de movimentações irregulares.
De acordo com a decisão que determinou ações de busca e apreensão, o Radford recebeu recursos provenientes da usina Itajobi, localizada em Marapoama (SP), que teria sido adquirida pelo PCC para lavagem de dinheiro. O fundo começou a ser administrado pelo banco em agosto de 2024.
A Justiça determinou o bloqueio dos ativos do fundo e solicitou a entrega de dados cadastrais, fiscais e bancários, mas deixou claro que a Genial e seus gestores não figuram como alvos. A instituição é tratada como terceira de boa-fé, razão pela qual foi apenas requisitada a fornecer informações sobre o fundo.

Posicionamento. Em nota, a Genial afirmou ter sido surpreendida pela menção na operação e destacou que, ao assumir a gestão do fundo, realizou diligências sobre o investidor exclusivo e os ativos da carteira.
O banco também alegou que, após a deflagração da operação, bloqueou preventivamente os ativos, renunciou à administração do fundo e manteve apenas a custódia temporária até a nomeação de um novo gestor.
A instituição também repudiou “de forma veemente” qualquer ilação de envolvimento com o esquema criminoso e disse adotar “elevados padrões de governança”.
Já a Quaest informou ao Aos Fatos que “repudia de forma contundente a má-fé e as mentiras contidas em publicações desse tipo”, reforçando que entrou com medidas judiciais contra as alegações.
A operação. Deflagrada em São Paulo e em outros nove estados, a operação Carbono Oculto investiga movimentações bilionárias de sonegação e lavagem de dinheiro ligadas ao PCC no setor de combustíveis.
Segundo a Receita Federal, ainda que o mercado financeiro concentre fundos regulares e legítimos, foram identificados cerca de 40 veículos financeiros utilizados como instrumentos de blindagem e ocultação patrimonial do crime organizado.
O caminho da apuração
Aos Fatos analisou os comunicados e documentos já divulgados sobre a operação e não encontrou menções a um suposto financiamento de pesquisas eleitorais.
Procurados, a Genial Investimentos e a Quaest negaram veementemente as alegações. Também entramos em contato com a Receita Federal, o MP-SP, a Polícia Federal e o Ministério da Justiça, que responderam que a investigação corre sob segredo de Justiça e que as informações disponíveis até o momento constam nas matérias divulgadas pelos seus respectivos portais.




