🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Agosto de 2020. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Como interagem no Twitter os usuários que mencionam contas suspensas pelo STF

Por Milena Mangabeira

10 de agosto de 2020, 16h16

Baseado nas interações de mais de 8.000 perfis, o grafo abaixo representa as relações estabelecidas entre usuários do Twitter e as novas contas dos investigados pelo STF no inquérito das “fake news” entre 27 de julho e 4 de agosto. A análise considera as publicações originais dos perfis com maior engajamento e as respostas direcionadas a elas. O objetivo é entender quais narrativas estão se consolidando nos perfis criados pelos bolsonaristas que foram suspensos pelo ministro Alexandre de Moraes.

O grafo foi construído a partir de um algoritmo que identificou quais perfis tiveram o maior número de respostas vindas de usuários aleatórios e que fazem parte do ecossistema de discussão bolsonarista. Cada cor representa um grupo ou cluster de usuários que mais interagiram com o perfil principal. Neste conjunto, é possível identificar agentes que se relacionam com mais de um investigado. E, quanto maior o nó (perfil), mais respostas recebeu.

Grupo rosa (80,66% das interações)

Com o novo perfil do blogueiro Allan dos Santos (@allanldsantos) em papel central, o grupo rosa ocupa mais de 81% da rede de conversação analisada. Nele, a determinação do STF para a suspensão dos perfis bolsonaristas é o que alimenta os principais comentários. De maneira geral, as mensagens são de apoio ao jornalista e de rechaço ao posicionamento do Supremo. No período analisado, o debate nesse segmento também foi marcado pela notícia de que o fundador do Terça Livre havia saído do Brasil.

Grupo verde (9,93% das interações)

Os principais elementos dos discursos associados ao grupo verde no grafo, que tem como personagem central a nova conta do blogueiro Bernardo Küster (@bernardokuster2), são críticas ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e ao influenciador digital Felipe Neto; a comparação da atuação do PT no Nordeste ao coronelismo e a defesa do governo de Jair Bolsonaro a partir da agenda da transposição do rio São Francisco, do combate ao tráfico de drogas e do enfrentamento da pandemia.

Grupo azul (4,85% das interações)

Com discursos que denunciam uma “censura prévia” do STF e a perda da liberdade de expressão, os comentários que constituem a rede azul no grafo têm sua origem em tweets publicados por @edsonsalomaosp, pré-candidato a vereador pela cidade de São Paulo, presidente nacional do Movimento Conservador e chefe do gabinete do deputado estadual Douglas Garcia (PSL-SP). Ele também é um dos investigados no inquérito do Supremo.

Edson Salomão destaca que é amigo de Allan dos Santos, e que ambos sofrem uma perseguição política. Nos comentários, palavras de apoio como “estamos com vocês”, “Vamos vencer!” e rejeição ao STF com “#STFVergonhaMundial”, “Ditadura Fascista do STF” são recorrentes.

Grupo laranja (3,39% das interações)

São dois os principais alvos dos comentários e publicações identificados na rede laranja: Felipe Neto e STF. Tendo como atores centrais os perfis @o_faka (do empresário Otávio Fakhoury) e @BobjeffHD (nova conta do ex-deputado Roberto Jefferson), o grupo laranja representa pouco mais de 3% da rede, mas aponta para comentários que o coloca como relevante no debate.

O perfil @o_faka provoca conversas que envolvem Felipe Neto e sua produção voltada para crianças e adolescentes, geralmente com ataques ao influenciador, dizendo que há uma “guerra contra os irmãos Neto” e que os pais e mães devem proibir seus filhos de acessar o conteúdo produzido por ele. Foi observado ainda o uso da hashtag “#TodosContraFelipeNeto”.

Otávio Fakhoury sugeriu em seu novo perfil que faria uma tentativa de reverter o bloqueio das suas contas nas redes sociais na Suprema Corte dos EUA. Já Roberto Jefferson traz para a discussão com seus seguidores as ações do STF que julga questionáveis, como a proibição das ações policiais nas favelas durante a pandemia.

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