As Olimpíadas de fato impactam significativamente na economia das cidades-sede no curto prazo, mas há discordâncias a respeito dos benefícios para depois do evento.
Economistas encontraram evidências de que há efeitos positivos na economia dos países que sediam os Jogos cinco anos antes de o evento acontecer, seja no crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), seja em investimentos e consumo.
Os impactos positivos na economia, inclusive, parecem ser vistos principalmente antes dos Jogos — mais especificamente após o anúncio do candidato vencedor para sediar o evento.
Nossa análise empírica dos efeitos em países-sede implica que sediar os Jogos Olímpicos resulta em mais do que em uma ‘Coroa Olímpica’: há reais efeitos macroeconômicos que são positivos assim como duradouros; e esses efeitos são vistos nos dados com bastante antecedência à realização do evento.
A conclusão é dos pesquisadores Markus Bruckner e Evi Pappa, do Departamento de Economia da Universidade de Nacional de Cingapura e do Instituto Universitário Europeu, respectivamente, por meio de modelos estatísticos com dados de 188 países.
Os efeitos positivos, no entanto, param por aí.
Gastos públicos e inflação também tendem a aumentar significativamente no período anterior aos Jogos, segundo o estudo. Isso ocorre porque o COI não raro faz exigências por novas estruturas e melhorias, o que força governos a abrirem seus cofres. Por consequência, preços de imóveis, transporte e alimentos tendem a crescer especialmente no ano que antecede os Jogos.
Os efeitos negativos fazem com que alguns economistas, ao contrário de Bruckner e Pappa, sejam mais céticos, não raro críticos, sobre a noção de benefícios econômicos após as Olimpíadas.
Um estudo publicado pela Universidade Nacional de Chengchi, em Taiwan, concorda que o efeito pré-Jogos é bastante positivo, mas alerta que “a taxa de crescimento do PIB cai dramaticamente após o fim do ano dos Jogos devido à falta de investimentos”.
No fim das contas, notou um professor convidado de Harvard, há poucas exceções entre os países que saíram financeiramente no prejuízo após a competição, sendo a principal recompensa o “prestígio internacional”. Segundo o autor do artigo, Stanley Engerman, exceto por Los Angeles (1984), acredita-se não haver outra cidade a mostrar efetivo lucro financeiro com as Olimpíadas.