🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Outubro de 2018. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Imagem distorce promessas de Bolsonaro sobre creches

Por Luiz Fernando Menezes

25 de outubro de 2018, 12h15

Uma foto da tela de um computador na qual aparece o rosto do candidato Jair Bolsonaro (PSL) e o coloca como autor da frase “se eu ganhar, eu acabo com esse negócio de creche comunitária. O Estado não tem obrigação de olhar os filhos dos outros. Isso é obrigação dos pais” é uma informação DISTORCIDA.

É fato que o candidato já disse, anteriormente, que "a responsabilidade [em relação à educação infantil] tem que ser do pai, da mãe e não jogar toda a culpa em cima do Estado". Porém, não é possível extrapolar e afirmar que ele vai acabar "com esse negócio de creche comunitária". Na verdade, Bolsonaro diz ser favorável à ampliação de vagas nas creches por meio de parcerias com igrejas e também com o sistema de vouchers. Nesse esquema, o Estado repassa dinheiro para as famílias para que elas possam pagar uma escola particular.

O mesmo boato já foi checado anteriormente pelo site e-Farsas em 2017, o que mostra que a foto, na verdade, recicla uma história falsa com o deputado.

A imagem, que foi publicada em perfil pessoal no Facebook, já acumulava mais de 3.500 compartilhamentos até a manhã desta quinta-feira (25). Denunciada por usuários, a publicação foi marcada por Aos Fatos com o selo DISTORCIDO na ferramenta de verificação da rede social (entenda como funciona).


DISTORCIDO

Se eu ganhar, eu acabo com esse negócio de creche comunitária. O Estado não tem obrigação de olhar os filhos dos outros. Isso é obrigação dos pais. (Dep. Jair Bolsonaro)

Em abril de 2016, durante um hangout com o filósofo e seu apoiador Olavo de Carvalho, o deputado Jair Bolsonaro disse que “nós temos hoje em dia crianças entre um e três anos de idade. 3 milhões fora de creche! Agora, Olavo, já imaginou creche para 3 milhões de pessoas? A responsabilidade maior não pode ser do Estado. Não quero defender governo nenhum. A responsabilidade tem que ser do pai, da mãe e não jogar toda a culpa em cima do Estado”.

A fala norteia algumas das ideias já propagandeadas pelo candidato ao Planalto em relação à educação, mas não permite dizer que Bolsonaro tem o plano de acabar com as creches públicas. Aos Fatos também não encontrou mais nenhuma fala do candidato em relação ao assunto.

Durante a campanha presidencial destas eleições, Bolsonaro e sua equipe fizeram propostas em relação à educação infantil. No seu plano de governo, por exemplo, mesmo que a palavra “creche” não apareça nenhuma vez, há a proposta de aumentar o orçamento da educação infantil, uma vez que “quanto antes nossas crianças aprenderem a gostar de estudar, maior será seu sucesso”.

Economistas de sua equipe também prometem ampliar vagas de creches no Brasil, ao mesmo tempo em que prometem adotar o ensino religioso nesse nível educacional. A proposta é que o governo repasse dinheiro para instituições não governamentais, como igrejas, e também para os pais (em forma de vouchers), caso optem por creches particulares. As informações são do Estadão.

Segundo a Folha de S.Paulo, junto com essa proposta será implantado também um “super Bolsa Família”, uma unificação do benefício atual e do abono salarial. Essas duas medidas custarão, segundo o jornal, R$ 100 bilhões anuais aos cofres públicos. Para implementá-los, a equipe de Bolsonaro planeja cancelar incentivos tributários para as empresas e enxugar os gastos com o abono salarial, que será finalizado.


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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