🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Outubro de 2022. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Homem que aparece em vídeo não é Geddel e fazendas citadas não são de Lula e Dilma

Por Luiz Fernando Menezes

11 de outubro de 2022, 13h33

Não é o ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB) o homem que aparece em um vídeo acusando os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Dilma Rousseff (PT) de esconderem a propriedade de fazendas no Brasil e no exterior, como afirmam postagens (veja aqui). O autor da gravação é, na verdade, Celso Moessa, ex-policial morto em 2017. Não há evidência de que os imóveis rurais citados sejam dos ex-presidentes, e as assessorias de Lula e Dilma negaram a titularidade das propriedades ao Aos Fatos.

Publicações com o conteúdo enganoso acumulam ao menos 25 mil compartilhamentos no Facebook até esta terça-feira (11).


Selo falso

Geddel Vieira aquele do apartamento cheio de dinheiro teve um infarto e talvez achando que iria morrer mesmo resolveu abrir a boca. Já foi até retirado do YouTube. Repassem sem dó.

Publicações enganam ao dizer que homem que cita fazendas de Lula e Dilma em vídeo é ex-ministro

O homem que fala em um vídeo que os ex-presidentes petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff são proprietários de diversas fazendas espalhadas pelo Brasil e no exterior é o policial aposentado Celso Moessa, que morreu em 2017 em decorrência de um câncer, e não o ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB), como afirmam postagens. Moessa tinha um canal no YouTube em que criticava os governos petistas e políticos de esquerda. O vídeo que vem sendo compartilhado nas redes sociais foi publicado originalmente no dia 8 de março de 2016 (veja abaixo).

Print atesta que vídeo foi publicado originalmente em março de 2016 no canal de Celso Moessa
Autoria. Vídeo original foi publicado no canal de Celso Moessa em 2016 (Reprodução/YouTube)

Não há provas de que as propriedades rurais citadas pelo autor do vídeo sejam dos petistas. São elas:

  • Duas fazendas atribuídas a Lula em Primavera do Leste (MT), uma delas chamada Fazenda Fortaleza, e três que seriam de Dilma Rousseff no mesmo município. Segundo dados do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), não há nenhum imóvel rural de mesmo nome cujo proprietário se chama “Luiz”. Também não há nenhuma fazenda cuja dona seja “Dilma” ou “Paula”, nome da filha da ex-presidente. Aos Fatos também já desmentiu que o filho de Lula seria dono de uma fazenda com o mesmo nome em São Paulo;
  • Fazendas atribuídas a Lula e a seu filho Fábio no sul do Pará — uma delas, inclusive, estaria no nome de “Dantas”. Ele provavelmente se refere às fazendas do empresário Daniel Dantas, sócio e fundador do banco de investimentos Opportunity, que não possui nenhuma relação com o petista e sua família.
  • Duas propriedades que seriam de Lula no Acre e terras atribuídas a Dilma no Rio Grande do Sul. Como o autor do vídeo não cita o nome da cidade onde estariam localizadas, não é possível checar a informação na base de dados do Incra com precisão;
  • E fazendas que seriam de Lula na Argentina, cuja existência não foi comprovada por Aos Fatos.

Em nota enviada ao Aos Fatos anteriormente, a assessoria de imprensa do ex-presidente Lula afirmou que sua família não possui nenhuma propriedade rural. Na sua declaração de bens mais recente também não consta nenhuma fazenda.

A equipe de Dilma Rousseff também negou que ela seria dona de alguma das fazendas citadas. Segundo a assessoria, os bens que a ex-presidente possui hoje são os mesmos declarados ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em 2014, e não há propriedade rural entre eles. Também não aparecem propriedades rurais nos bens declarados em 2018, quando ela concorreu ao Senado.

Geddel Vieira Lima foi ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República nos governos de Dilma e de Michel Temer (MDB). Ele foi condenado em 2019 após a Polícia Federal encontrar R$ 51 milhões em dinheiro vivo em malas e caixas em um apartamento em Salvador. Atualmente, ele cumpre pena em liberdade condicional.

O mesmo vídeo circulou nas redes sociais em 2018 e, na época, foi desmentido pela revista Veja. Essa desinformação também foi checada pelo Estadão Verifica.

Referências:

1. Youtube (Celso Moessa)
2. Incra
3. Aos Fatos (1 e 2)
4. TSE (1, 2 e 3)


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