Não há provas que sustentem a alegação de que o candidato Guilherme Boulos (PSOL) seria usuário de drogas. O autor da gravação que circula nas redes é Frank Williams, que se autointitula ex-membro da facção criminosa PCC, mas nunca provou sua relação com a facção. Williams já mentiu sobre outras figuras políticas. A Justiça de São Paulo já ordenou a exclusão desta peça de desinformação das redes por “injúria e difamação”.
O vídeo enganoso acumulava mais de 1.000 compartilhamentos no Facebook e milhares de visualizações no YouTube até a tarde deste domingo (6).
Acusações graves: ex-facção aclara suposto envolvimento de Boulos com drogas

É enganoso o vídeo em que um homem que se diz ex-integrante do PCC afirma que Boulos usaria cocaína na “Espraiada” — alusão à antiga avenida Águas Espraiadas, atual avenida Jornalista Roberto Marinho, local em São Paulo onde há favelas. A peça é desinformativa por dois motivos:
- O homem, conhecido como Frank Williams, nunca provou sua ligação com a facção e já publicou desinformações políticas em eleições anteriores;
- A Justiça já considerou o vídeo difamatório e pediu que o conteúdo fosse retirado das redes.
Como já explicado por Aos Fatos em checagem anterior, não existem indícios de que Frank tenha, de fato, integrado o PCC: não há processos relacionados a tráfico de drogas, lavagem de dinheiro ou organização criminosa envolvendo o influenciador, que também já inventou histórias sobre Marcola, líder da facção.
Williams viralizou nas redes em 2023 e no início de 2024 por dizer que o PCC teria ordenado que seus membros votassem em Lula (PT) nas eleições presidenciais de 2022. Não foi apresentada nenhuma prova.
No dia 13 de setembro, o trecho do vídeo de Williams que cita Boulos foi impugnado pela Justiça Eleitoral. Na decisão, a juíza Cláudia Barrichello entendeu que o conteúdo faz uma “afirmação injuriosa e difamatória”.
A acusação foi, inclusive, citada por Pablo Marçal durante o debate do UOL e da Folha de S.Paulo no dia 30 de setembro. O ex-coach tem insinuado desde agosto que Boulos usaria cocaína e tem apostado em argumentos diferentes sempre que é desmentido.
Vale ressaltar que Williams, no início da campanha, disse que o PCC estaria apoiando a candidatura de Pablo Marçal — também sem apresentar nenhuma prova. No final do mês passado, o influenciador disse que o ex-coach seria a opção “menos pior” entre os candidatos.
Acompanhe a cobertura das eleições 2024 pelo Aos Fatos.
O caminho da apuração
Aos Fatos transcreveu o vídeo por meio do Escriba e buscou por registros do conteúdo nas redes. A reportagem, então, encontrou a decisão da Justiça sobre a gravação e entrou em contato com a assessoria de Guilherme Boulos para obter a íntegra da decisão.
Também recuperamos a investigação em relação a Frank Williams, feita em texto anterior, para compor o contexto da checagem.