A desinformação que circula no Brasil sobre o conflito entre Israel e Hamas têm explorado as relações do governo Lula com a Palestina para alegar que o presidente e seus aliados apoiam o grupo extremista islâmico. Neste episódio do #AosFatosNOAR explicamos como é organizada a divisão política entre os palestinos e o histórico das relações com o Brasil.
1. Quem governa a Palestina?
Atualmente, não há um governo que controle todo o território palestino. A região é dividida em duas:
- A Cisjordânia, governada pela ANP (Autoridade Nacional Palestina), mas ocupada militarmente por Israel, e com população estimada de 3,1 milhões de habitantes;
- A Faixa de Gaza, um território que faz fronteira com o Egito e que é hoje ocupada por cerca de dois milhões de palestinos. Esse território é controlado pelo Hamas, o grupo extremista islâmico que atacou Israel no começo de outubro.
2. O que são a ANP e o Fatah?
A ANP é uma organização laica criada em 1994 pelo Acordo de Oslo — firmado entre Israel e a entidade multipartidária OLP (Organização para a Libertação da Palestina) — para representar um governo de transição até que fosse estabelecido o Estado Palestino. Segundo os termos acordados, a ANP deveria existir até 1999, quando se acreditava que a situação política da região se resolvesse. Mas claramente isso não aconteceu e a organização atua até hoje como um “autogoverno” da Palestina.
O primeiro presidente da ANP, Yasser Arafat, era do partido Fatah, uma sigla árabe para Movimento de Libertação Nacional da Palestina, a maior organização política da região, fundada em 1959. O atual presidente da ANP, Mahmoud Abbas, também é do Fatah.
O partido chegou a organizar ações violentas e armadas, o que o fez Israel considerá-lo como um grupo terrorista. Mas, em 1988, o grupo renunciou à luta armada e reconheceu a existência de Israel. A partir daí, o Fatah passou a fazer as negociações de paz.
O Fatah tinha a maioria das cadeiras do Conselho Legislativo Palestino até 2006, ano em que o Hamas inverteu a situação nas eleições. Os dois grupos tentaram dialogar para formar um governo de coalizão, mas logo no ano seguinte, em 2007, estourou uma guerra civil que terminou com a expulsão do Fatah da Faixa de Gaza e do Hamas da Cisjordânia, o que gerou a separação política do território.
3. O que é o Hamas?
O Hamas é uma organização palestina islâmica criada em 1987, que se opôs ao Acordo de Oslo - que prometeu criar o Estado palestino. Esse grupo defende a substituição de Israel por um Estado islâmico e, por isso, travou diversos conflitos com o país nas últimas décadas.
Os ataques feitos pelo Hamas já contou com apoio financeiro do Irã, e hoje o grupo é considerado um terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia.
O Fatah e o Hamas tentaram se reconciliar em 2016, mas isso não se concretizou. Vale destacar que a ANP, hoje, não considera o Hamas um aliado e se declarou contrária aos recentes ataques do grupo extremista a Israel. Nas palavras do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, “as políticas e ações do Hamas não representam o povo palestino”.
Quer saber sobre quais outras organizações atuam na Palestina e quais são as relações do Brasil com a região? Confira o vídeo completo.
