🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Setembro de 2020. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Haddad não é o ‘pai do kit gay nas escolas’; desinformação volta a circular nas redes

Por Luiz Fernando Menezes

18 de setembro de 2020, 17h42

É falsa a informação de que o ex-candidato à Presidência da República Fernando Haddad (PT) seja o “pai do kit gay nas escolas”. O chamado “kit gay” é, na verdade, o projeto Escola Sem Homofobia, que foi produzido por ONGs (organizações não governamentais) ligadas às pautas LGBT e financiado por uma emenda parlamentar. O petista não participou da elaboração do projeto, que também não chegou a ser implantado nas escolas.

A desinformação, que viralizou durante as eleições de 2018, voltou a circular nas redes sociais nesta semana (veja aqui), acumulando mais de 1.500 compartilhamentos só nas últimas 24 horas. Todas as postagens foram marcadas com o selo FALSO na ferramenta de monitoramento da rede social (saiba como funciona).


FALSO

SE O POVO DO NORDESTE SOUBER EM REDE NACIONAL QUE FERNANDO HADDAD É ‘O PAI DO KIT GAY NAS ESCOLAS’ O PT JÁ ERA.

Voltou a circular nas redes sociais a desinformação de que o ex-candidato à Presidência da República Fernando Haddad (PT-SP) teria criado o “kit gay nas escolas”. Conforme desmentido por Aos Fatos inúmeras vezes, o projeto Escola Sem Homofobia, ao qual as peças se referem pejorativamente, foi produzido por iniciativa de ONGs (organizações não-governamentais), e não pelo petista.

Por mais que o projeto tenha sido apresentado em 2011, quando Haddad era ministro da Educação, o petista não participou de sua elaboração. O projeto Escola Sem Homofobia, foi desenvolvido por ONGs militantes das causas LGBT em convênio com o FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) e financiado por meio da Emenda Parlamentar nº 50340005, da Comissão de Participação Legislativa da Câmara dos Deputados, que destinou cerca de R$ 1,9 milhão para sua produção.

Vale ressaltar também que o projeto nunca foi disponibilizado nas escolas. Após pressão da Frente Parlamentar Evangélica, a então presidente Dilma Rousseff vetou o Escola Sem Homofobia.

Outra desinformação presente na peça é a de que o projeto se destinava a crianças de seis anos. O material, formado por três vídeos, seis boletins e um caderno de orientações, tinha como público-alvo adolescentes e jovens estudantes do ensino médio. Seu objetivo era o de promover a aceitação e a inclusão da população LGBT na sociedade. Você pode ver a íntegra dos vídeos aqui.

Por fim, é importante lembrar que o Escola Sem Homofobia era aprovado por autoridades brasileiras e internacionais, como a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura) e o Conselho Federal de Psicologia. Segundo a última, o projeto estaria de acordo com as faixas etárias destinadas.

A única informação verdadeira da peça é a imagem que a ilustra (veja abaixo). Em fevereiro de 2012, o então deputado federal Jair Bolsonaro colocou na porta de seu gabinete em Brasília um cartaz com a desinformação sobre a autoria do Escola Sem Partido e que questionava “As crianças de 6 anos terão aula de homoafetividade nas escolas?”. Haddad, na época, era candidato à Prefeitura de São Paulo.

A desinformação de que Haddad teria criado o projeto voltou a ser disseminada pelo próprio presidente Bolsonaro nas eleições de 2018. O Aos Fatos desmentiu declarações do então deputado federal sobre o tema ao menos quatro vezes (aqui, aqui, aqui e aqui). Durante as eleições, peças com a informação falsa também foram compartilhadas nas redes. A desinformação voltou a circular na última semana, tendo sido compartilhada mais de 1.500 vezes nas últimas 24 horas.

Referências:

1. Nova Escola (Fontes 1 e 2)
2. Portal da Transparência
3. O Globo
4. Unesco
5. Conselho Federal de Psicologia
6. Folha de S.Paulo


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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