Não é verdade que o hacker Marcos Roberto da Silva foi preso por invadir o sistema do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em 2020, como alegam nas redes sociais (veja aqui). Embora seja investigado pela invasão de uma base de dados administrativa da corte nas eleições daquele ano, ele foi detido pela PF (Polícia Federal) em 2021 por suspeita de vazar dados, como CPFs, endereços e informações de renda, de milhões de pessoas.
A peça de desinformação reunia ao menos centenas de compartilhamentos no Facebook nesta quinta-feira (21).
Esse é o famoso ‘Hacker de Schrödinger’: Ele hackeou e não hackeou o sistema do TSE ao mesmo tempo. E foi preso por ter hackeado um sistema que nunca foi hackeado.
É falso que o hacker Marcos Roberto da Silva foi preso porque invadiu um sistema do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em 2020. Ele está detido desde março de 2021 em Uberlândia (MG) por suspeita do vazamento de dados, como CPFs, endereços e informações de renda, de ao menos 233 milhões de pessoas, segundo a PF (Polícia Federal).
Embora não seja o motivo que o levou à prisão, o hacker também é investigado pela PF pela invasão de um sistema administrativo da Justiça Eleitoral no primeiro turno das eleições de 2020. Na época, os invasores divulgaram informações de ex-servidores e ex-ministros do TSE, como nome e folha de pagamento. A base de dados não tinha relação com o pleito daquele ano.
Os dados vazados eram arquivos administrativos e de configurações dos sites do TSE e TREs (Tribunais Regionais Eleitorais), conforme o Aos Fatos explicou na época. Não há indícios de que os hackers teriam conseguido acessar o sistema que alimenta a urna eletrônica, que funciona offline, ou o sistema de totalização, que só pode ser acessado por uma rede interna da Justiça Eleitoral.
Até o início de 2022, a PF ainda não havia concluído a investigação sobre nenhum dos casos — o vazamento de dados pessoais e a invasão do sistema administrativo do TSE e TREs.
Em julho de 2021, Silva apareceu em uma transmissão do deputado federal Filipe Barros (PL-PR) nas redes sociais e disseminou informações falsas. Ele disse, por exemplo, que teria acessado dados dos eleitores — o que foi desmentido pelo TSE e pela análise da PF — e que as urnas eletrônicas podem ser invadidas porque ficam conectadas à internet. Não ficam.
Até o momento, não há registro de fraude nas urnas eletrônicas brasileiras.
A alegação checada é recorrente nas falas do presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo o contador do Aos Fatos de declarações falsas e distorcidas do presidente, essa desinformação foi dita pela primeira vez durante a live do dia 29 de julho de 2021 e repetida em outras três ocasiões.
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