Após o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin anular as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Operação Lava Jato, grupos bolsonaristas no WhatsApp reagiram criticando a decisão e pedindo medidas como a intervenção das Forças Armadas, o impeachment de ministros da corte e a implementação do voto impresso na eleições de 2022.
O Radar Aos Fatos analisou as cem mensagens mais populares sobre o caso publicadas em 109 grupos de discussão política de diferentes orientações ideológicas desde segunda-feira (8). No total, essas publicações foram compartilhadas 504 vezes.
A postura crítica à decisão de Fachin predominou no universo analisado —teve 62% dos compartilhamentos totais. Links para notícias sobre o caso vieram em seguida, com 27%, e publicações que elogiaram a anulação das condenações somaram 10% dos compartilhamentos.
As mensagens com críticas partiram principalmente de grupos identificados com a direita e de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. Embora a maioria dessas publicações apenas expressasse descontentamento com a decisão, outras defendiam medidas antidemocráticas ou ecoavam campanhas de desinformação.
Pedidos de intervenção militar, por exemplo, apareceram em nove mensagens compartilhadas 48 vezes (9,5% do total analisado) desde segunda-feira. A maioria evocava para isso o artigo 142 da Constituição. Ao menos desde 2019 o texto é citado por apoiadores de Bolsonaro para defender que o presidente poderia usar as Forças Armadas para fechar o Congresso e o STF. Como o Aos Fatos já mostrou, no entanto, não é isso que o artigo diz.
O clamor popular vai obrigar o presidente a invocar o artigo 142 da CF e dissolver o atual STF e nomear 11 magistrados de carreira. Pelas redes sociais aos milhares e o povo nas ruas pedindo a intervenção militar no STF. Vamos divulgar por aqui. Se cada um enviar pra 10 pessoas no mesmo dia milhares de pessoas vão compartilhar e pedir a intervenção
Outro argumento presente nesses grupos —12 mensagens compartilhadas 57 vezes (11% do total)— é o de que a decisão de Fachin faria parte de uma conspiração para fraudar as eleições presidenciais de 2022 e favorecer Lula. A estratégia, segundo essas mensagens, seria repetir no Brasil a —já desmentida— fraude eleitoral que teria acontecido nos EUA em 2020. A solução, segundo os autores das mensagens, seria adotar o voto impresso no pleito brasileiro.
De novo, as mensagens remetem a narrativas de desinformação que vêm sendo compartilhadas por bolsonaristas nos últimos meses, como a de que haveria provas de que as urnas eletrônicas brasileiras foram fraudadas ou que Joe Biden teria obtido menos votos do que o ex-presidente Donald Trump nas mais recentes eleições dos EUA.
O plano acelerou, o STF solta Lula, com urnas não audítaveis, começam a forjar pesquisas com “empate técnico “ entre o “ladrão” de 9 dedos e o Presidente @jairbolsonaro , calam os perfis conservadores nas redes sociais e repetem a estratégia americana , as cartas estão na mesa.
Sete mensagens compartilhadas 42 vezes divulgavam protestos e petições para pedir o impeachment de Fachin ou, em alguns casos, dos 11 ministros da corte.
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Decisão
Relator da Lava Jato no STF, Fachin decidiu, na segunda-feira (8), anular monocraticamente todas as decisões tomadas nos processos contra Lula julgados na 13ª Vara Federal de Curitiba. A determinação devolveu ao ex-presidente seus direitos políticos e a possibilidade de concorrer à Presidência em 2022.
Na decisão, Fachin argumentou que, segundo jurisprudência do STF, a 13ª Vara não tinha competência para julgar as supostas irregularidades cometidas pelo ex-presidente porque elas não teriam relação direta com a Petrobras, e determinou o envio dos processos à Justiça Federal de Brasília. A PGR (Procuradoria-Geral da República) anunciou que vai recorrer da decisão, que ainda pode ser analisada pelo plenário do Supremo.
Em Curitiba, Lula havia sido condenado em dois processos: um envolvendo o tríplex do Guarujá (SP) e outro a respeito do sítio de Atibaia (SP). O petista ainda respondia a duas ações penais sobre o Instituto Lula.