Não é verdade que o governo de São Paulo, comandado por Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), retirou a segurança pessoal do ex-delegado-geral da Polícia Civil estadual, Ruy Ferraz Fontes, executado a tiros na última segunda-feira (15). Em nota, a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo) afirmou que ele poderia ter solicitado a escolta, mas não realizou o pedido.
Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam centenas de compartilhamentos no X e no Facebook, além de centenas de curtidas no Instagram até a tarde desta quarta-feira (17).
Durante quase 20 anos o governo cuidou da segurança do cara, que foi tirada durante seu governo

Circula nas redes a alegação enganosa de que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, teria retirado a segurança pessoal do ex-delegado-geral da Polícia Civil estadual, Ruy Ferraz Fontes, morto a tiros na última segunda-feira (15).
Em nota enviada ao Aos Fatos, a SSP-SP explicou que o delegado-geral e o delegado-adjunto possuem, durante o exercício das funções, corpo próprio de segurança. Ao deixar o cargo é possível solicitar a escolta, mas tal pedido não foi formulado por Fontes.
A pasta lamentou o crime e ressaltou que “as polícias Civil e Militar estão empenhadas em identificar os autores e proporcionar uma rápida resposta ao crime.”

Fontes foi perseguido por criminosos em uma avenida movimentada de Praia Grande (SP), bateu o carro em um ônibus e, em seguida, foi alvo de pelo menos 21 disparos em seis segundos. Segundo a Polícia Militar, ele morreu no local.
No momento da execução, o ex-delegado não tinha escolta nem utilizava veículo blindado. Duas semanas antes, Fontes afirmou em entrevista que vivia sozinho no litoral paulista, sem qualquer estrutura de proteção.
Na conversa, ele disse nunca ter recebido ameaças do crime organizado, mas criticou a falta de segurança após a aposentadoria:
"Eu estou aposentado. Eu tenho proteção de quê? Eu moro sozinho aqui, eu vivo sozinho na Praia Grande, que é o meio deles. Para mim é muito difícil. Se eu fosse um policial da ativa, eu estava pouco me importando. Eu teria estrutura para me proteger. Hoje, eu não tenho estrutura nenhuma. Não tenho estrutura nenhuma."
Ruy foi delegado da Polícia Civil de São Paulo por mais de 40 anos. Ele atuou diretamente na prisão de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, e no combate às atividades do PCC (Primeiro Comando da Capital) no estado.
Aposentado da corporação, Fontes assumiu a Secretaria de Administração da Prefeitura de Praia Grande em janeiro de 2023, cargo que manteve na gestão atual do prefeito Alberto Mourão (MDB).
As investigações trabalham hoje com duas linhas principais: retaliação pela atuação histórica contra a cúpula do PCC e reação de criminosos insatisfeitos com medidas adotadas por ele enquanto chefe da secretaria.
Em entrevista coletiva nesta terça-feira (16), o governador Tarcísio de Freitas disse que Fontes não pediu proteção do Estado “nem formal nem informalmente”, e reforçou que, se houvesse o pedido, ele teria sido atendido:
“Temos algumas autoridades que contam com proteção do Estado e toda vez que a somos demandados, encaramos isso com muita responsabilidade. Se tivéssemos recebido algum pedido de proteção, se isso tivesse registrado, nós, com certeza, daríamos”, explicou.
O governador também declarou que pretende propor mudanças na lei para que autoridades com atuação relevante contra o crime organizado tenham proteção garantida mesmo após deixar o cargo.
Na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), o deputado estadual Paulo Fiorilo (PT) também protocolou a criação de um projeto similar.
Atualmente, algumas autoridades já possuem o direito automático à escolta após a saída do cargo. É o caso dos ex-presidentes da República e membros do STF (Supremo Tribunal Federal), que em junho deste ano decidiram pelo direito à segurança vitalícia para ministros aposentados.
O caminho da apuração
Aos Fatos entrou em contato com a SSP-SP, a Polícia Civil e a assessoria do governo de São Paulo. Também complementamos a checagem com informações da imprensa sobre o caso.




