Não é verdade que o governo federal liberou uma lista de pessoas elegíveis ao ressarcimento de valores descontados indevidamente de pensões ou aposentadorias do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). As peças de desinformação que fazem essa alegação compartilham uma deepfake do apresentador César Tralli.
As publicações enganosas acumulavam centenas de compartilhamentos no Facebook até a tarde desta quarta-feira (30).
O governo já começou a liberar os pagamentos para as vítimas desse golpe silencioso. Os valores variam entre R$ 2.000 e R$ 8.000. E você pode ser um dos beneficiários. Consulte se seu nome está na lista de ressarcimento

Posts nas redes usam um vídeo manipulado do jornalista César Tralli para fazer crer que o governo liberou uma lista de aposentados e pensionistas elegíveis a receber de R$ 2.000 a R$ 8.000 por valores desviados indevidamente por um esquema do INSS. Isso não é verdade.
Por meio de busca reversa, Aos Fatos localizou o vídeo original, publicado por Tralli em 21 de abril. Em nenhum momento da gravação o apresentador faz qualquer menção ao INSS ou à devolução de valores.
Diferentemente do que alegam as peças de desinformação, o governo não liberou nenhuma lista de beneficiários que serão ressarcidos pelos descontos indevidos em aposentadorias e pensões.
De acordo com o Executivo, os valores descontados indevidamente sobre os vencimentos de abril serão retidos e devolvidos na folha de pagamento de maio. No entanto, ainda não há informações sobre como nem quando os beneficiários serão ressarcidos pelo restante dos valores desviados.
Para verificar se houve desconto indevido na folha de pagamento, é possível consultar o extrato do benefício pela central 135 ou pelo aplicativo ou site Meu INSS. No portal, o beneficiário também pode excluir eventuais mensalidades associativas que tenham sido implementadas sem autorização.
Os beneficiários ainda podem entrar diretamente em contato com a associação que descontou os valores para registrar uma reclamação e solicitar o estorno.
Entenda o caso. Investigações da CGU (Controladoria-Geral da União) e da PF (Polícia Federal) apontaram que associações e sindicatos descontavam, por meio da assinatura falsificada de beneficiários, valores referentes a mensalidades por serviços que não tinham estrutura para oferecer, como desconto em planos de saúde. Na prática, os segurados se tornavam, sem saber, associados dessas entidades e pagavam por isso.
A descoberta do esquema levou à demissão do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e à suspensão de todos os acordos da autarquia com entidades associativas que descontavam parcelas mensais de aposentados e pensionistas.
Identidade falsa. São recorrentes nas redes publicações que usam a identidade visual do governo federal para aplicar golpes ou disseminar informações enganosas.
Na última segunda-feira, a AGU (Advocacia-Geral da União) moveu uma ação para que sejam adotadas medidas para coibir o uso indevido de símbolos e marcas do Executivo, além de imagens e vídeos de autoridades públicas, em anúncios fraudulentos publicados em plataformas da Meta, como Facebook e Instagram.
O caminho da apuração
Por meio de busca reversa, Aos Fatos encontrou a origem do vídeo compartilhado nas redes e verificou que o conteúdo havia sido editado com uso de inteligência artificial.
Procuramos então no site oficial do INSS por informações sobre como consultar eventuais valores descontados indevidamente e contextualizamos a checagem com base em informações publicadas pela imprensa.