O Google removeu cem anúncios políticos veiculados no Brasil por violação de regras da plataforma desde novembro do ano passado. O número representa cerca de 6% dos conteúdos publicitários sobre política, partidos políticos ou candidatos, segundo dados da plataforma divulgados na semana passada.
Não é possível ter acesso aos conteúdos dos anúncios removidos pela plataforma, e a empresa não informa os motivos específicos que levaram às exclusões. É possível saber apenas a segmentação usada e uma estimativa de alcance e custo para cada um deles, além do anunciante responsável. Os dados se referem a peças publicitárias inseridas nos resultados da busca do Google, em vídeos do YouTube ou em sites parceiros da empresa.
O anunciante que sofreu mais punições foi o Progressistas, partido do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), e do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira. Dos 163 anúncios veiculados pela sigla no Google, 67 (41%) foram removidos por violação de regras. Os vídeos somavam entre 1,4 milhão e 1,7 milhão de impressões.
O Progressistas pagou pelo menos R$ 5,5 mil nos anúncios excluídos, cerca de 19% do total gasto pelo partido com publicidade no Google — não é possível calcular o valor exato porque a empresa informa apenas estimativas. A maioria deles era direcionada a pessoas no Brasil, sem distinção de gênero ou idade. Apenas três foram direcionados exclusivamente para mulheres e outros oito para públicos de estados específicos no Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Dois anúncios banidos também foram exibidos apenas para maiores de 25 anos.
A empresa respondeu ao Aos Fatos que não informa os motivos das remoções e encaminhou links para as políticas do Google Ads, que proíbem desde o anúncio de produtos falsificados ou perigosos, até a promoção de declarações falsas. O Google tem ainda exigências técnicas para os anúncios, que podem levar à remoção em caso de descumprimento.
Em segundo lugar ficou a produtora revisionista Brasil Paralelo — maior anunciante brasileira de conteúdos políticos na plataforma, segundo reportagem do site Núcleo —, que teve 13 anúncios removidos. Veiculados entre 17 de novembro de 2021 e 4 de junho de 2022, os conteúdos foram vistos entre 133 mil e 163 mil vezes e custaram até R$ 6,5 mil à empresa, menos de 2% do total investido pela anunciante no Google.
A produtora é conhecida por seus filmes e cursos conservadores e de revisionismo histórico, entre eles um vídeo que desinforma sobre a existência de fraude nas eleições de 2014 no Brasil e que circulou durante a campanha de 2018.
Desde o ano passado, para veicular anúncios sobre políticos, partidos ou candidatos a cargos eletivos no Google, é necessário ter um perfil de anunciante verificado pela plataforma.