Aviso de ‘encomenda retida pelos Correios’ é golpe

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Posts enganosos nas redes têm difundido sites que prometem verificar se encomendas transportadas pelos Correios estão perdidas ou retidas. As páginas dizem oferecer também a oportunidade de fazer um pagamento via Pix para que sejam liberadas. Trata-se, na verdade, de um golpe aplicado por criminosos para roubar dinheiro e dados pessoais de usuários.

As publicações que difundem o golpe somavam cerca de 110 mil visualizações no Facebook até a tarde desta quinta-feira (5).

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Posts difundem sites falsos dos Correios que prometem a regularização alfandegária de encomendas internacionais perdidas ou retidas pela estatal

Criminosos têm compartilhado sites que simulam a identidade visual dos Correios e oferecem oportunidade de verificar paradeiro de encomendas transportadas pelos Correios. Depois, cobram valores para que sejam liberadas de centros de distribuição ou da alfândega. Mas tudo isso é um golpe.

Na segunda-feira (5), os Correios alertaram nas redes sociais que não são oficiais as mensagens enviadas por criminosos. Essas mensagens direcionam os consumidores a sites fraudulentos, para que sejam pagas supostas taxas alfandegárias.

Para rastrear as remessas transportadas pelos Correios e realizar pagamento de eventuais impostos ou taxas, o usuário deve recorrer ao aplicativo oficial da estatal (Android ou iOS) ou ao site, no serviço “Minhas importações”. O CPF precisa estar regular, e o nome do destinatário precisa corresponder ao cadastro na Receita Federal.

O golpe, que circula ao menos desde julho, funciona da seguinte maneira:

  • As peças enganosas têm um botão de “saiba mais”, e quem clica nele é direcionado a sites que falsificam a identidade visual dos Correios;
  • Nas páginas enganosas o usuário é induzido a fornecer o número do CPF para realizar a consulta. Em simulações feitas pelo Aos Fatos foi possível, inclusive, inserir um número inexistente na base de dados da Receita Federal ou arbitrário como “123.456.789-00”;
  • Em todas as simulações o prazo final para regularização seria até 30 de novembro, mas as páginas permitem que o usuário prossiga até a próxima etapa em que aparecem na tela supostos dados de rastreamento da encomenda atrelado ao seu CPF;
  • Todas as informações que aparecem na tela são falsas. Os sites não possuem qualquer vínculo com os Correios nem fazem consultas à base de dados de encomendas da estatal. Não há qualquer número de rastreamento nem informações de onde a suposta encomenda estaria armazenada;
  • Por fim, o usuário é encaminhado a uma página de pagamentos em que precisa preencher dados pessoais, como nome, email, e telefone, e pagar uma taxa de R$ 47,59 — que apareceu em todas as simulações feitas pelo Aos Fatos;
  • Os golpistas se apropriam dos dados fornecidos pelo usuário e do valor pago.

Assim como ocorre em outros golpes, a única forma de pagamento disponibilizada pelos golpistas é o Pix. Neste caso, as vítimas que caíram neste golpe podem recorrer ao MED (Mecanismo Especial de Devolução), sistema criado pelo Banco Central em 2021 para reparar danos gerados por fraude ou golpe com o uso da tecnologia.

Para tentar reaver os valores roubados, o consumidor deve apresentar provas de que caiu em um golpe, como boletins de ocorrência e prints de conversas no WhatsApp. Nem sempre a devolução dos valores pelas instituições financeiras é integral. Caso o estorno seja negado, o consumidor tem a alternativa de ingressar com ação na Justiça.

Recorrente. Os Correios são comumente alvos de golpes nas redes sociais. Em setembro os criminosos inventaram um falso leilão da estatal, também para roubar dinheiro e dados pessoais de usuários.

O caminho da apuração

Em busca nas redes e no site oficial dos Correios, Aos Fatos verificou que a estatal alertou que criminosos têm difundido mensagens que direcionam a sites fraudulentos, em que usuários são compelidos a pagar supostas taxas alfandegárias. Também acessamos o site promovido pelos golpistas e fizemos o passo a passo orientado por eles, para verificar quais valores e que informações estão sendo requisitados pelos criminosos.

Referências

  1. Instagram (@correiosoficial)
  2. Correios (1 e 2)
  3. Play Store
  4. Apple Store
  5. Governo federal (1 e 2)
  6. Banco Central (1 e 2)
  7. Aos Fatos

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