Trata-se de um golpe a campanha “Ajude a Manu”, que supostamente arrecada doações para uma criança com epidermólise bolhosa. As peças de desinformação compartilham duas gravações manipuladas com o uso de IA: a primeira usa imagens de uma enfermeira americana, que é apresentada como funcionária pública de São Paulo, e a outra mostra uma criança árabe que de fato sofre da doença.
As peças enganosas somavam 1,2 milhão de visualizações e 9.800 compartilhamentos no Facebook até a tarde desta quinta-feira (17).
A MANU PRECISA DE VOCÊ! Ela está enfrentando um desafio de saúde e não pode lutar sozinha. Cada dia sem ajuda torna tudo mais difícil. Sua doação pode transformar a vida dela!

Golpistas têm compartilhado nas redes conteúdos manipulados por IA para promover uma falsa campanha de arrecadação de fundos, supostamente destinada a uma criança com epidermólise bolhosa — doença rara que provoca bolhas na pele. O vídeo parte de duas distorções principais:
- A enfermeira do SUS (Sistema Único de Saúde) supostamente responsável pela campanha não existe. Os posts usam a imagem da americana Amanda Ingle Taylor, que, no vídeo original (veja abaixo), não pede doações para nenhuma criança;
@amanda_lingle Nightshift again 😮💨😫 #nursesoftiktok #nightshift #nurse #nursing #healthcare #healthcareworker #lpn #venting #nurselife #nursetok #ltcnurse #nightshiftnurse #birminghamalabama #alabama ♬ original sound - Amanda Ingle Taylor
- A criança que aparece no vídeo também não é brasileira e não se chama Manu. No registro (alerta de conteúdo gráfico), que circula ao menos desde junho de 2024, um homem não identificado afirma, em árabe, que a menina se chama Ruqayyah Dhunun e sofre de epidermólise bolhosa.
Assim que clica no botão “Saiba Mais” disponível logo abaixo do vídeo, o usuário é direcionado até o site vakinhasolidariaoficial.com, que simula uma página real de arrecadação de fundos. Todos os elementos da página são falsos, incluindo o valor supostamente obtido até o momento.
Os usuários são compelidos a contribuir com valores de até R$ 500 e o pagamento é feito pelo Pix. O dinheiro é transferido para a conta dos golpistas.
Eventuais vítimas do golpe podem recorrer ao MED (Mecanismo Especial de Devolução), sistema criado pelo Banco Central, para tentar reaver o dinheiro perdido. Também é possível ingressar com ação na Justiça.
O caminho da apuração
Por meio de busca reversa de imagens, Aos Fatos encontrou os registros originais e verificou que os vídeos compartilhados pelas peças enganosas eram deepfakes.
Realizamos também simulações no suposto site de arrecadação e constatamos que as publicações compartilham uma campanha falsa, criada para roubar dinheiro de doadores.




