Um golpe que promete clonar contas de WhatsApp usa um vídeo manipulado com inteligência artificial em que Pablo Marçal (PRTB), candidato à Prefeitura de São Paulo, oferece acesso a um aplicativo espião. O falso aplicativo se diz capaz de clonar o WhatsApp e exige um pagamento para supostamente liberar o acesso às mensagens, mas o objetivo é obter dados e dinheiro dos usuários.
Publicações nas redes acumulavam dezenas de compartilhamentos no Facebook até a tarde desta terça-feira (10).
Isso mesmo. Você consegue ver tudo ao vivo sem estar com o celular nas mãos. URGENTE: Pablo Marçal libera aplicativo espião que foi usado para vazar áudios usados em sua condenação para 'pessoas de bem' e diz que equipe dele irá tirar do ar 'logo'.
Publicações nas redes compartilham um vídeo manipulado por inteligência artificial do candidato Pablo Marçal (PRTB) e enganam sobre a liberação de um aplicativo espião que teria vazado os áudios obtidos pela Polícia Federal e anexados ao processo contra o ex-coach por furto qualificado.
Além de a imagem de Marçal ter sido manipulada por IA, não há acesso algum ao suposto aplicativo. Trata-se de um golpe.
A gravação utilizada nos posts enganosos foi publicada originalmente no Instagram do político no último dia 2 de setembro. No vídeo original, Marçal diz a seus seguidores que configura crime eleitoral doar bonés similares ao usado por ele durante a campanha (veja abaixo).
Aos Fatos identificou que o registro foi manipulado por inteligência artificial. Foi inserido um áudio falso com informações sobre o suposto aplicativo que quebraria a criptografia do WhatsApp. Os indícios observados estão no movimento dos lábios e na mudança do tom de voz.
A reportagem ainda verificou que o site promovido no falso vídeo direciona o usuário a uma página na qual deve ser inserido o número do telefone a ser espionado.
Após inserir os dados, o usuário é redirecionado para uma página falsa que simula o WhatsApp Web — aplicação da Meta que permite o acesso ao aplicativo de mensagens pelo navegador.
As conversas, no entanto, aparecem como trancadas e supostamente serão liberadas após o pagamento de uma taxa de R$ 29,90 (veja abaixo) — e a única forma de pagamento é via Pix, o que evidencia o golpe.
A estratégia é similar a outros golpes digitais já desmentidos por Aos Fatos, como aqueles que usaram os nomes da Havan e da Farm.
O caminho da checagem
O Aos Fatos fez uma busca reversa de imagens e encontrou o vídeo original usado nas peças falsas publicado no Instagram do candidato Pablo Marçal (PRTB). Na versão, não há qualquer menção a um aplicativo espião.
A reportagem ainda observou indícios de manipulação do áudio e do vídeo, como a mudança no tom da voz e o movimento dos lábios.
Por fim, Aos Fatos fez um teste para identificar como funciona o golpe, constatando que o site simula uma versão falsa do WhatsApp. Há ainda a exigência do pagamento de uma taxa de R$ 29,90, que pode ser paga apenas via Pix, o que evidencia o golpe — conforme outros que o Aos Fatos já desmentiu.