🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Fevereiro de 2022. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Fundação não disse que vacina contra Covid-19 provocou 2.236 casos de miocardite nos EUA

Por Marco Faustino

4 de fevereiro de 2022, 11h11

É falso que a Myocarditis Foundation divulgou que vacinas contra a Covid-19 fizeram o número de casos de miocardite nos EUA passar de quatro para 2.236 entre 2019 e 2021, como alegam nas redes (veja aqui). A fundação negou que tenha formulado e divulgado esses dados. A miocardite é uma inflamação do músculo do coração que foi listada como efeito adverso muito raro nas bulas de alguns imunizantes, como os de Pfizer e Moderna.

Publicações com o conteúdo enganoso somavam ao menos centenas de compartilhamentos no Facebook nesta sexta-feira (4).


Selo falso

Miocardite nos EUA em idades de 12 a 20 anos. Em 2019: 04 casos. Em 2020: 04 casos. Em 2021: 2.236 casos. Dados obtidos no site da Myocarditis Foundation.

Postagem enganosa atribui à Myocarditis Foundation dado que não divulgou

A fundação norte-americana Myocarditis Foundation não divulgou que vacinas contra Covid-19 provocaram 2.236 casos de miocardite nos EUA no ano passado, ante apenas quatro registros em 2019 e em 2020. A fundação afirmou ao Aos Fatos que não publicou tais dados e que não tem números a respeito da ocorrência da doença após a imunização.

A miocardite é caracterizada por uma inflamação no músculo do coração e consta como efeito adverso muito raro nas bulas de imunizantes contra Covid-19 que usam a tecnologia de mRNA (RNA mensageiro), como os da Pfizer e Moderna.

Ao sustentar a informação enganosa, a postagem checada remete para um texto publicado pela Myocarditis Foundation em julho de 2020, quando não havia imunizantes aprovados contra a Covid-19. Nele, não há afirmações ou dados sobre miocardite e vacinas.

Em posicionamentos divulgados no ano passado, inclusive, a fundação defendeu o uso de vacinas de RNA mensageiro. Em junho de 2021, um comunicado da fundação afirmava que “nossos cardiologistas têm encorajado consistentemente os pacientes a tomarem a vacina contra a Covid-19, mas delegam a decisão aos cardiologistas e médicos de cada pessoa (...) Esses profissionais relatam consistentemente que os benefícios superam os riscos”.

Já em outubro, a Myocarditis Foundation ressaltou a importância da vacinação para prevenir quadros graves ao divulgar um estudo do CDC (Centers for Disease Control, órgão de saúde do governo dos EUA) que apontava um risco de miocardite superior a 30 vezes em crianças com a Covid-19 do que nas que não haviam contraído a doença.

A publicação desinformativa também faz menção a um artigo sobre miocardite e Covid-19 publicado em 5 de maio de 2020 no Heart Rhythm. Omite, porém, que o estudo não trata de vacina, mas do risco associado à infecção pelo novo coronavírus.

A FDA (Food and Drug Administration, agência reguladora de medicamentos e alimentos dos EUA) informou ao Aos Fatos que foram relatados 2.179 casos de miocardite ou pericardite na plataforma Vaers (Vaccine Adverse Event Reporting System). O dado, porém, não pode ser creditado às vacinas, já que as notificações agregadas no sistema são enviadas voluntariamente e não passam por verificação prévia, segundo o órgão.

Referências:

1. Pfizer
2. Moderna
3. Myocarditis Foundation (Fontes 1, 2 e 3)
4. CDC
5. NCBI
6. Vaers


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