🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Junho de 2020. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Fotos antigas de manifestantes queimando objetos circulam nas redes como atuais

Por Luiz Fernando Menezes

1 de junho de 2020, 18h00

Publicações que circulam nas redes sociais têm compartilhado como se fossem atuais fotos antigas em que manifestantes aparecem ateando fogo a objetos, como bandeiras do Brasil e pneus (veja aqui). Atribuídas aos protestos anti-Bolsonaro de domingo (31), as imagens foram captadas na verdade em atos ocorridos em 2013, 2015, 2016 e 2017, constatou o Aos Fatos por meio de busca reversa.

No Facebook, postagens em que as imagens são usadas fora de contexto acumulam ao menos 5.000 compartilhamentos nesta segunda-feira (1º) e foram marcadas por Aos Fatos com o selo FALSO na ferramenta de verificação da plataforma (saiba como funciona).


FALSO

Baderneiros queimando bandeiras do Brasil e querem pedir democracia?

Não foram tiradas nos protestos de domingo (31) contra o governo Bolsonaro fotos que têm sido difundidas nas redes sociais que mostram manifestantes ateando fogo a objetos, inclusive bandeiras do Brasil. As imagens são de diferentes atos ocorridos no país em 2013, 2015, 2016, 2017 e 2018.

A foto acima, publicada no perfil do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) no Facebook, mostra um bloqueio feito em um protesto do movimento na Marginal Tietê em março de 2015. Na ocasião, os manifestantes interditaram avenidas e rodovias em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte para protestar contra o adiamento do lançamento de programa de moradias populares pelo governo Dilma Rousseff (PT).

A segunda imagem, registrada por Peter Leone, da Futura Press, mostra o candidato derrotado à Presidência Guilherme Boulos (PSOL) em uma manifestação contra a reintegração de posse de um terreno ocupado em São Mateus, na zona leste da capital paulista, em janeiro de 2017.

A foto retrata o momento anterior à prisão do coordenador nacional do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) pela PM (Polícia Militar) sob acusação de desobediência e incitação à violência. Boulos permaneceu na delegacia por cerca de dez horas até ser liberado.

Outra imagem que vem sendo compartilhada para sugerir um comportamento violento dos manifestantes dos atos do último domingo (31) foi retirada de um vídeo publicado no YouTube em março de 2016. Indícios presentes nas imagens — como o cartaz “Fora Pezão, vá com Paes e leve o Lula Dilma vez!” e os gritos de “Ô ditadura, cadê você, tá disfarçada de PT e PC do B” — levam a crer que se trata de um registro de uma greve de professores e estudantes ocorrida no Rio de Janeiro naquele mês.

A mesma imagem já foi utilizada em outras peças de desinformação que circularam nas redes em 2019, quando foram desmentidas pelo e-Farsas.

A quarta imagem, que mostra um homem vestido de vermelho queimando uma bandeira do Brasil, também foi tirada do contexto original. Aos Fatos identificou que ela é a capa de um vídeo publicado pelo jornalista Reinaldo Azevedo em seu canal no YouTube em 24 de junho de 2013.

A gravação parece mostrar uma manifestação organizada pelo MPL (Movimento Passe Livre) naquele mês, quando ocorreu uma onda de protestos em todo o Brasil. Conforme pode ser verificado, os manifestantes gritam “Bandeira da nação, homenagem à escravidão” ao atear fogo ao símbolo nacional.

Por fim, esta imagem que mostra manifestantes mascarados queimando uma bandeira do Brasil é de janeiro de 2016 e foi captada em um ato do MPL (Movimento Passe Livre), em São Paulo. A mesma imagem pode ser encontrada no site da Jovem Pan em artigo publicado na época, mas sem nenhuma indicação de crédito.

Na época, o MPL protestava contra o aumento das tarifas do transporte público. Em diversos momentos, os manifestantes entraram em confronto com a polícia com uso de pedras e até coquetéis molotov.

Manifestação do dia 31 de maio. É fato, no entanto, que os atos do último domingo (31) foram marcados por conflitos, seja entre manifestantes de ideologias contrárias, seja entre manifestantes e policiais. No Rio de Janeiro, um grupo de torcedores autodenominado antifascista foi alvo de bombas de gás da PM. Já em São Paulo, o tumulto começou após o aparecimento de uma bandeira usada por grupos neonazistas e envolveu barricadas e rojões.

UOL, G1, Folha de S. Paulo e Estadão publicaram fotos e vídeos dos atos realizados no último final de semana.

Referências:

1. G1 (Fontes 1, 2 e 3)
2. Veja
3. Midia Coletiva.org
4. Nexo
5. Jovem Pan
6. UOL (Fontes 1, 2 e 3)
7. Folha de S.Paulo
8. Estadão
9. Facebook do MTST


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

Topo

Usamos cookies e tecnologias semelhantes de acordo com a nossa Política de Privacidade. Ao continuar navegando, você concordará com estas condições.