Policial venezuelano em foto viral não apontou arma para mulher e criança

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É falso que uma foto viral capturou o momento em que um policial aponta uma arma para uma mulher e uma criança ajoelhadas na cidade de Valera, na Venezuela. Outros ângulos do mesmo momento mostram que, na realidade, o policial ordena, com as mãos, que elas se levantassem.

Publicações com o conteúdo enganoso acumulam centenas de curtidas no Instagram até a tarde desta terça-feira (6).

Uma mãe, junto de seu filho, implora por misericórdia. Em resposta, o policial da ditadura aponta a arma para a cabeça deles. Terça-feira, 30 de julho, às 11AM. Valera, Estado de Trujillo, Venezuela.

Posts mentem ao afirmar que policial apontava arma para mulher e criança; na verdade, ele gesticulava com as mãos

Publicações nas redes enganam ao alegar que um policial venezuelano teria apontado uma arma para uma mulher ajoelhada e abraçada a uma criança durante uma manifestação na cidade de Valera, no noroeste do país, no dia 30 de julho deste ano.

Em um vídeo postado por um usuário do X (ex-Twitter), é possível ver um outro ângulo do mesmo incidente. Nele, fica claro que o policial não aponta arma. Ele gesticula com as mãos para que a mulher e a criança se levantem e saiam da rua.

Logo em seguida, a mulher se levanta e questiona a ordem enquanto outro homem fardado chega à cena (veja abaixo).

No entanto, é fato que houve manifestações na cidade contra o resultado eleitoral emitido pelo CNE (Conselho Nacional Eleitoral), que declarou a vitória do ditador Nicolás Maduro com 51% dos votos no dia 28 de julho.

Na mesma data em que foi registrada a cena utilizada pelas peças enganosas, a Guarda Nacional da Venezuela e a Polícia Estadual de Trujillo foram acusadas de agredir e roubar o celular da jornalista Yuliana Palmar.

Alvo de desinformação. As eleições venezuelanas têm sido tema de diversas publicações enganosas. Na última semana, Aos Fatos já desmentiu peças alegando que manifestações no Sri Lanka teriam sido gravadas na Venezuela ou que utilizam cenas de tortura de um filme afirmando que seriam imagens reais, bem como registros antigos circulando como se fossem atuais (1, 2, 3).

Esta peça de desinformação também foi checada pela AFP.

O caminho da checagem

As peças desinformativas incluem a data do incidente e o nome da cidade Valera. A partir destes dados, Aos Fatos buscou registros da manifestação no X a partir do termo “Valera” e limitando a busca aos dias 28 e 31 de julho.

Com isso, encontramos outros vídeos do mesmo incidente. Foi possível constatar que não se tratava de uma arma apontada para a mulher e a criança. Em seguida, buscamos matérias na imprensa venezuelana sobre manifestações no local para entender melhor o contexto da ação policial.

Referências

  1. X (@AndrewsAbreu)
  2. Diario Libre
  3. Aos Fatos (1, 2, 3, 4 e 5)

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