Não é verdade que uma imagem que tem circulado nas redes sociais (veja aqui) mostre o coronel reformado Ibis Silva Pereira abraçado a um chefe do crime organizado do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro. A fotografia é uma montagem que inseriu o rosto de Pereira em uma cena de um clipe do poeta americano Yolo Akili. O homem que aparece ao lado do ex-PM na imagem falsa tampouco é um criminoso –trata-se do bailarino e coreógrafo americano Juel Lane.
Ibis Pereira, ex-comandante e assessor parlamentar da deputada estadual Renata da Silva Souza (Psol-RJ), tem sido alvo de ataques nas redes sociais desde a última quinta-feira (5), quando foi noticiado que o policial militar e youtuber Gabriel Monteiro teve o porte de arma suspenso e responde a um processo administrativo por tratá-lo “de forma desrespeitosa”. O soldado gravou um vídeo no qual acusa o coronel reformado e o Psol de envolvimento com o tráfico, mesmo sem apresentar evidências.
A montagem vem sendo compartilhada nas redes sociais por perfis pessoais no Facebook desde sábado (7) e acumulava ao menos 12 mil compartilhamentos até a tarde desta segunda-feira (9). Todas essas publicações foram marcadas com o selo FALSO na ferramenta de verificação da rede social (entenda como funciona).
Coronel persegue PM Gabriel Monteiro porque seu namorado é um criminoso chefe da Maré.
Uma imagem falsa tem sido difundida em redes sociais como se mostrasse o coronel reformado Ibis Silva Pereira abraçado a um homem identificado ora como criminoso do Complexo da Maré, comunidade no Rio de Janeiro, ora como integrante da facção Comando Vermelho. Nenhuma destas informações é verdadeira: a foto é uma montagem feita a partir de uma imagem de Ibis Pereira e de outra do bailarino americano Juel Lane, retirada de um clipe.
Abaixo, é possível ver as duas imagens originais e a montagem que circula nas redes. O retrato do coronel reformado foi publicado em 2018 pelo portal R7. Já a imagem do dançarino faz parte de um clipe do poeta Yolo Akili (atualmente fora do ar) no qual ele aparece sendo abraçado por Juel Lane.
Nascido em Atlanta, no estado da Geórgia, Lane faz parte da companhia Camille A. Brown & Dancers. Aos Fatos não encontrou registros que o relacionem ao Complexo da Maré.
O caso. O ex-comandante Ibis Silva Pereira passou a ser alvo de ataques nas redes sociais na última quinta-feira, quando a PMRJ (Polícia Militar do Rio de Janeiro) retirou o porte de armas do policial e youtuber Gabriel Monteiro por considerar que ele cometeu uma “transgressão disciplinar” ao tratar o Pereira de forma desrespeitosa.
Monteiro publicou, no dia 29 de outubro de 2019, um vídeo em seu canal no qual interpela o ex-comandante e o questiona sobre sua posição política e suposta ligação com o Comando Vermelho. No dia 4 de março de 2020, a PMERJ retirou os direitos ao porte de arma e a identidade funcional da corporação do policial youtuber.
Segundo email enviado ao Aos Fatos, a instituição alega que Monteiro "apresentou conduta incorreta e irregular, propagando críticas e usando de palavras ofensivas e desrespeitosas contra superior hierárquico em suas publicações em redes sociais, agindo em desacordo com as normas vigentes".
Após a decisão, Monteiro publicou outro vídeo em seu canal dizendo que a organização estava o deixando “largado” e que a decisão estaria colocando sua vida em risco. Nas redes, apoiadores do youtuber chegaram a organizar a #somostodosgabrielmonteiro.
Em nota pública, Ibis Pereira disse que “um policial que acusa o outro sem fundamento e materialidade joga contra a memória e honra da corporação. Trata-se de uma ação leviana, descomprometida com o bem da instituição, em busca de holofotes em um ano eleitoral”.
Esta checagem foi atualizada às 11h45 do dia 10 de março de 2020 para acrescentar a nota enviada pela PMERJ sobre o processo envolvendo o soldado Gabriel Monteiro.