Foto de repórter de máscara e macacão volta a circular para insinuar que mídia ‘fabrica pânico’

Compartilhe

Voltaram a circular nas redes sociais postagens com uma foto que mostra uma repórter de TV paramentada com luvas, máscara e macacão de proteção individual enquanto o cinegrafista usa roupas normais (veja aqui). Embora a imagem seja verdadeira, os posts distorcem o contexto original para insinuar que trata-se de uma farsa da mídia para incitar o pânico em meio à pandemia de Covid-19. Além de o registro ter sido feito no Líbano, não no Brasil, a jornalista explicou que estava vestindo os trajes para testá-los como parte da reportagem, e que, naquele momento, não havia motivo para pânico.

As peças de desinformação inicialmente circularam nas redes no primeiro semestre de 2020, mas agora voltaram a viralizar em meio à narrativa de que não haveria tantos mortos por Covid-19 quanto os divulgados pela imprensa. Publicações que trazem a imagem sem o devido contexto acumulavam, só nas últimas 24 horas, ao menos 154 mil compartilhamentos no Facebook. Elas foram marcadas com o selo DISTORCIDO na ferramenta de verificação da rede social (entenda como funciona).


Circulam nas redes sociais postagens que mostram uma repórter de telejornais paramentada com equipamentos de proteção individual contra a Covid-19 diante de seu cinegrafista que usa apenas roupas normais. A imagem é verdadeira, mas foi retirada de seu contexto original para insinuar que a mídia “fabrica o pânico”. Na verdade, o registro foi feito no Líbano e mostra apenas uma jornalista testando equipamentos que estavam sendo lançados por uma empresa local.

O contexto real da gravação foi explicado pela própria repórter da emissora Al-Hadath retratada na imagem, Ghinwa Yatim, em sua conta no Twitter: ela estava produzindo uma reportagem sobre uma empresa em Beirute que começou a fabricar roupas de proteção médica feitas de TNT contra o Sars-CoV-2. O fato foi noticiado porque o Líbano passava por uma crise econômica e, por isso, a importação de materiais semelhantes seria difícil.

Aos Fatos verificou que Yatim só estava vestindo a roupa para mostrá-la aos telespectadores, na reportagem original, veiculada no dia 18 de março de 2020, intitulada “Repórter em Beirute testa vestimenta de proteção contra o coronavírus”.

Na época, a repórter ainda explicou que, por mais que qualquer cidadão pudesse alugar os equipamentos, eles eram destinados a pessoas em contato direto com infectados e que, naquele momento, não havia motivos para pânico em Beirute.

A peça de desinformação circulou nas redes sociais brasileiras e internacionais em março de 2020. Naquela época, as publicações foram desmentidas pelas equipes da FactCheck.org, Truth or Fiction e Ellinika Hoaxes.

A foto descontextualizada, no entanto, voltou a viralizar junto com a narrativa de que a imprensa estaria aumentando a gravidade da pandemia e forjando mortes. Nas últimas semanas, por exemplo, Aos Fatos desmentiu que a TV Vitória teria produzido um enterro falso de uma vítima de Covid-19 e que um vídeo mostraria um dos supostos mortos pela infecção fumando dentro de um saco funerário, que na verdade tratava-se de um “making of” da gravação de um videoclipe de um rapper russo.


De acordo com nossos esforços para alcançar mais pessoas com informação verificada, Aos Fatos libera esta reportagem para livre republicação com atribuição de crédito e link para este site.

Referências

  1. Twitter @GhinwaYatim
  2. Al-Hadath
  3. Aos Fatos (1 e 2)

Compartilhe

Leia também

falsoVídeo que mostra fraude na entrega de merendas não foi gravado na Venezuela

Vídeo que mostra fraude na entrega de merendas não foi gravado na Venezuela

falsoUsaid não financiou revista em quadrinhos sobre pessoas trans no Peru

Usaid não financiou revista em quadrinhos sobre pessoas trans no Peru

falsoÉ falso que governo Lula destinou R$ 15 bilhões para a Lei Rouanet

É falso que governo Lula destinou R$ 15 bilhões para a Lei Rouanet