É montagem uma foto que mostra presidiários da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) com uma faixa em apoio à indicação de Alexandre de Moraes ao STF (Supremo Tribunal Federal). Na imagem original, registrada em 2006 pelo fotógrafo Alex Silva, da Estadão Conteúdo, o que está escrito é a mensagem “Contra a opressão”. Indicado pelo então presidente Michel Temer (MDB), Moraes se tornou ministro do STF em 2017.
A peça de desinformação que sugere uma ligação do ministro com o crime organizado tem sido difundida nas redes por páginas e perfis bolsonaristas e acumulava cerca de 6.000 compartilhamentos no Facebook até a tarde desta quarta-feira (6). Todas as postagens foram marcadas com o selo FALSO na ferramenta de monitoramento da rede social (saiba como funciona).
Uma imagem alterada digitalmente para sugerir uma ligação do ministro do STF Alexandre de Moraes com o PCC (Primeiro Comando da Capital) tem circulado nas redes desde que o magistrado barrou a indicação do atual diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Alexandre Ramagem, para o cargo de diretor-geral da Polícia Federal. Na foto manipulada, presidiários ostentam as faixas “PCC Paz, Justiça = Liberdade” e “Alexandre Moraes no STF!!”. Na imagem original, no entanto, produzida em 2006 pelo fotógrafo Alex Silva, da Estadão Conteúdo, é possível ver que os dizeres da faixa que foi adulterada são, na verdade, “Contra a opressão”.
Registrada em 14 de maio de 2006, a imagem mostra uma rebelião no presídio de Junqueirópolis, no interior de São Paulo, a cerca de 640 km da capital. Os motins, que ocorreram em várias penitenciárias do estado, foram uma resposta à transferência de integrantes do PCC para unidades de segurança máxima. No dia seguinte à foto acima, reportagem da Folha de S.Paulo noticiava a ocorrência de 29 rebeliões simultâneas, com um total de 120 reféns.
Alexandre de Moraes e PCC. Peças de desinformação que sugerem uma ligação entre o ministro e a facção têm circulado desde que o Moraes barrou, no dia 29 de abril, a indicação do atual diretor da Abin, Alexandre Ramagem, para o cargo de diretor-geral da Polícia Federal. De acordo com o ministro, a indicação apresentava desvio de finalidade e "inobservância aos princípios constitucionais da impessoalidade, da moralidade e do interesse público”. Ramagem participou da segurança pessoal de Bolsonaro durante as eleições de 2018 e é amigo pessoal do presidente.
A origem de histórias que ligam o atual ministro do STF à facção criminosa vem do período em que Moraes atuou como advogado em um escritório, entre 2010 e 2014, que defendeu em casos na área civil a cooperativa de transportes Transcooper, investigada por possíveis elos com o PCC. Segundo nota divulgada por Moraes em 2015, quando já era secretário de Segurança Pública de São Paulo, “não houve qualquer prestação de serviços advocatícios – nem pelo secretário nem pelos demais sócios – às pessoas citadas em possível envolvimento com o crime organizado, em 2014. O contrato se referia estritamente à pessoa jurídica da cooperativa”.
Referências:
1. Jovem Pan
2. R7
3. Folha de S.Paulo
4. El Pais
5. UOL