🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Julho de 2020. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Foto de militares em obra da transposição não foi tirada no governo de Bolsonaro, mas no de Dilma

Por Luiz Fernando Menezes

2 de julho de 2020, 14h24

Não é recente nem foi tirada durante o governo Bolsonaro uma foto que mostra militares trabalhando nas obras de um dos canais da transposição do rio São Francisco. A imagem foi registrada em 2011, durante a gestão de Dilma Rousseff (PT), e exibe uma construção do Grupamento de Engenharia do Exército em Floresta (PE).

Atualmente, os militares operam três obras relacionadas ao PISF (Projeto de Integração do Rio São Francisco), mas todas as contratações foram realizadas antes de Bolsonaro assumir a Presidência, segundo o Ministério do Desenvolvimento Regional.

O conteúdo enganoso (veja aqui) tem sido difundido em posts no Facebook que acumulavam ao menos 35 mil compartilhamentos nesta quinta-feira (2). As publicações foram marcadas com o selo FALSO na ferramenta de verificação da rede social (entenda como funciona).


FALSO

A MÍDIA NÃO DIVULGOU QUE FOI O EXÉRCITO QUE TRABALHOU NA OBRA DA TRANSPOSIÇÃO DO RIO [São Francisco], TUDO QUE BOLSONARO FAZ ELES TENTAM ESCONDER, MAS NÃO ADIANTA A INTERNET É O MAIOR MEIO DE COMUNICAÇÃO DO MUNDO !

Uma foto que mostra militares trabalhando na construção de um canal da transposição do rio São Francisco tem sido compartilhada nas redes sociais como se retratasse a atuação do Exército no projeto durante o governo Bolsonaro. A imagem, porém, foi registrada em Floresta (PE) em 2011, segundo o Exército informou ao Aos Fatos. Na época, era Dilma Rousseff (PT) quem ocupava a Presidência da República.

A foto consta no Flickr do Exército desde 12 de maio de 2014 e mostra a construção de trecho de um canal de drenagem pluvial adjacente ao canal de aproximação do eixo leste da transposição. O empreendimento foi tocado pelo Grupamento de Engenharia do Exército.

As obras da transposição começaram em 2007, durante a gestão do ex-presidente Lula. O Exército ficou responsável pelo eixo leste da transposição do rio, que foi inaugurado em março de 2017 pelo entao presidente Michel Temer (MDB). O ministro de Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, estima que toda a obra da transposição seja terminada em junho de 2021.

Atualmente, o Exército ainda trabalha em três obras do projeto, mas todas foram contratadas antes da posse de Bolsonaro. Segundo o Ministério de Desenvolvimento Regional, os militares atuam nas estradas de acesso (obra contratada em maio de 2016) e nas barragens de Tucutu (contratada em julho de 2017) e Arreias (contratada em maio de 2018).

Há ainda uma versão da peça de desinformação na qual a foto descontextualizada é acompanhada de um texto que diz que setores da construção civil teriam reclamado da participação do Exército nas obras. O trecho utilizado, no entanto, é de uma reportagem de 2015 que foi publicada quando os militares estavam conduzindo obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). A postagem, inclusive, traz uma frase do ex-presidente da Cbic (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), Paulo Safady Simão, falecido em 2017.

Desde que o presidente Jair Bolsonaro inaugurou, em 26 de junho, um trecho da obra do eixo norte da transposição, postagens nas redes sociais passaram inflar o papel do atual governo na execução do projeto. No mesmo dia, por exemplo, passou a circular uma foto de um açude tirada em 2017 em comparação com outra, que mostrava um canteiro de obras abandonado do projeto em Pernambuco em 2012. Aos Fatos também desmentiu uma publicação que comparava fotos de obras em gestões petistas com imagens supostamente recentes.

A mesma imagem já tinha sido utilizada em outra peça de desinformação em fevereiro de 2019. Naquela época, publicações compartilharam a foto como se mostrasse o trabalho do Exército na BR-163 a mando de Bolsonaro.

Referências:

1. Exército Brasileiro
2. G1
3. Governo Federal
4. Carta Maior
5. Cbic
6. Folha de S.Paulo
7. Aos Fatos (Fontes 1, 2 e 3)


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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