🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Fevereiro de 2022. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

FMI não divulgou ranking em que Brasil registra 2º melhor resultado fiscal do mundo

Por Priscila Pacheco

15 de fevereiro de 2022, 11h48

É falso que o FMI (Fundo Monetário Internacional) colocou o Brasil em segundo lugar em um ranking dos melhores resultados fiscais do mundo e que isso seria prova da recuperação econômica do país, como alegam publicações nas redes (veja aqui). O dado citado, na realidade, foi produzido em uma estimativa do Ministério da Economia e não serve para medir o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto).

As postagens enganosas contam com ao menos 28.000 compartilhamentos no Facebook nesta terça-feira (15).


Selo falso

Veja essa notícia abaixo! Reproduzindo números divulgados pelo FMI - FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL, hoje, um Jornal televisivo, teve que informar que, no mundo inteiro, apenas três países apresentaram um resultado fiscal positivo no ano de 2021. E o *Nosso BRASIL* foi o segundo lugar, com crescimento positivo do seu PIB. Festejamos! Afinal, isso é muito bom para todos nós!

 Postagem reproduz informação falsa sobre dados do FMI

O FMI (Fundo Monetário Internacional) não divulgou um ranking global em que o Brasil aparece em segundo lugar em resultado fiscal em relação ao PIB (Produto Interno Bruto). A peça desinformativa usa uma imagem pausada do Jornal da Band em que aparece no telão um dado relativo ao país divulgado pelo Ministério da Economia em 1º de fevereiro. O número não foi calculado pelo fundo nem serve para medir o crescimento econômico.

O que a nota do governo federal informa é que, no ano passado, o país teve um superávit (quando receitas superam despesas) de R$ 64,7 bilhões no setor público consolidado, que engloba as contas do governo central, dos estados e municípios e de empresas estatais não financeiras, exceto Petrobras e Eletrobras. O montante seria equivalente a 0,75% do PIB estimado de 2021, que ainda não foi divulgado, segundo o ministério.

A lista de países que aparece no Jornal da Band compara esse dado, que é mais amplo e contempla os resultados regionais, com dados fiscais que o FMI compilou com base no desempenho apenas dos governos federais das 50 maiores economias do mundo. Essas informações constam no relatório World Economic Outlook, de outubro de 2021.

Os cálculos do FMI consideram apenas as receitas e despesas do governo central, ou seja, tudo o que, no Brasil, estaria na alçada do governo federal (Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social). Ficam de fora dessa conta os dados regionais (dos municípios e estados) e das estatais. Por essa metodologia, o governo central teve um déficit (despesas superaram receitas) de R$ 35 bilhões no ano passado.

O resultado primário negativo do governo central em 2021 equivale a -1,58% do PIB estimado de 2021. Assim, o Brasil estaria em 6º lugar em desempenho fiscal ante as 50 maiores economias do mundo, pontua o FMI. A própria nota informativa do ministério brasileiro pondera que os indicadores do Banco Central e do FMI têm diferenças.

Ao analisar os números das planilhas do organismo internacional, Aos Fatos também verificou que 16 países aparecem com um resultado fiscal positivo em 2021, como Sudão do Sul (9,12% do PIB), Angola (8,75%) e Líbia (6,77%), o que mostra não se tratar, isoladamente, de um indicador de boa economia.

Entre os 16 países que tiveram superávit primário, apenas Egito (1,342%) e Rússia (0,022%) aparecem entre as 50 maiores economias do mundo. A peça desinformativa afirma que apenas três nações no mundo tiveram um resultado fiscal positivo.

As postagens enganosas usam uma reprodução do Jornal da Band do dia 1º de fevereiro de 2022 para ilustrar a desinformação. O programa, entretanto, afirmou que o dado do Brasil é do Banco Central, não do FMI, e não é referente ao crescimento da economia.

Referências:

1. Jornal da Band
2. Ministério da Economia
3. FMI (Fontes 1 e 2)
4. Valor Econômico
5. World Data


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Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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