‘Financial Times’ não publicou que Joe Biden fraudou eleições brasileiras de 2022

Compartilhe

Não é verdade que o jornal britânico Financial Times publicou uma reportagem sustentando que Joe Biden, presidente americano entre janeiro de 2021 e janeiro deste ano, fraudou as eleições presidenciais brasileiras de 2022. O texto publicado pelo jornal em 2023 alega que o democrata adotou uma postura neutra em relação ao pleito e deixou claro que não toleraria tentativas de pôr em dúvida o resultado de uma eleição livre e justa.

Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam cerca de 100 mil visualizações no Kwai e dezenas de compartilhamentos no Facebook até a tarde desta sexta-feira (28).

Comprovado. Joe Biden fraudou as eleições brasileira em 2022. 18/02/25

Captura de tela de um vídeo do Kwai. A imagem contém um fundo azul com padrões geométricos e o print de uma notícia. No topo, há um texto em letras maiúsculas e fundo branco que diz: “Comprovado Joe Biden fraudou as eleições brasileira em 2022. 18/02/25”. Abaixo aparece uma imagem editada onde Joe Biden está em frente à bandeira dos EUA e Jair Bolsonaro está ao lado, com um grupo de pessoas vestindo verde e amarelo ao fundo. Os então mandatários estão com as fotos em preto e branco.

Publicações nas redes mentem ao alegar que o jornal Financial Times publicou uma reportagem no último dia 18 sustentando que Joe Biden, ex-presidente dos Estados Unidos, fraudou as eleições brasileiras de 2022.

Intitulada “A discreta campanha dos Estados Unidos para defender a eleição no Brasil”, a reportagem foi originalmente publicada em 21 de junho de 2023, não recentemente. Ao contrário do que afirmam as peças desinformativas, o texto não levanta suspeitas, não afirma e nem traz comprovações de que Biden teria interferido no pleito.

O texto afirma que o fato de o resultado das eleições não ter sido seriamente questionado por outros países ou organizações globais é um testemunho da força das instituições democráticas brasileiras, mas também de uma “discreta campanha de pressão de um ano do governo dos Estados Unidos para instar os líderes políticos e militares do país a respeitar e proteger a democracia”.

O texto afirma que a administração Biden iniciou “uma campanha não anunciada envolvendo múltiplos ramos do governo dos Estados Unidos, incluindo as Forças Armadas, a CIA, o Departamento de Estado, o Pentágono e a Casa Branca”.

O objetivo da campanha era, por meio de mensagens em diferentes canais, enfatizar a imparcialidade de Washington diante de qualquer resultado eleitoral, mas sem tolerar tentativas de pôr em dúvida o processo eleitoral brasileiro.

Segundo o Financial Times, a motivação do governo Biden era mitigar a possibilidade de uma versão brasileira da invasão ao Capitólio, promovida por apoiadores de Donald Trump em 6 de janeiro de 2021, na tentativa de reverter os resultados da eleição de 2020 nos Estados Unidos, quando Biden foi eleito ao derrotar o atual presidente.

O democrata teria ficado preocupado com as declarações públicas do então presidente brasileiro, Jair Bolsonaro (PL), ao colocar em dúvida as eleições no país.

Foto mostra uma grande quantidade de pessoas vestidas de verde e amarelo, muitas carregando bandeiras do Brasil, ocupando a rampa e a parte externa do Congresso Nacional, um edifício modernista com uma cúpula branca. O céu está azul e com poucas nuvens, e o ambiente externo conta com grama verde e parte de um espelho d’água.
Atuação de Biden foi motivada pelo receio de uma invasão similar ao que ocorreu nos EUA em 2021. No dia 8 de janeiro de 2023, apoiadores de Bolsonaro invadiram a sede dos Três Poderes em Brasília (Marcelo Camargo/Agência)

Este conteúdo também foi checado pela Lupa.

O caminho da apuração

Aos Fatos consultou a reportagem do Financial Times e constatou que ele não levanta acusações, não afirma e nem traz provas de que Joe Biden teria fraudado as eleições brasileiras. Também consultamos materiais da imprensa para contextualizar a checagem.

Compartilhe

Leia também

falsoBolsonaro não foi inocentado de acusação de tentativa de golpe

Bolsonaro não foi inocentado de acusação de tentativa de golpe

falsoImagem que circula nas redes é antiga e não mostra ataque de rebeldes do Iêmen contra porta-aviões dos EUA

Imagem que circula nas redes é antiga e não mostra ataque de rebeldes do Iêmen contra porta-aviões dos EUA

falsoEstudo da USP não comprova que máscaras foram inúteis e perigosas na pandemia de Covid-19

Estudo da USP não comprova que máscaras foram inúteis e perigosas na pandemia de Covid-19