Feridas nos pés de voluntária não são efeito colateral da vacina da Pfizer

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Não é verdade que a vacina contra a Covid-19 que tem sido desenvolvida pela Pfizer provocou erupções nos pés de uma voluntária americana dos testes da imunização. As fotos que vêm sendo compartilhadas em publicações nas redes sociais (veja aqui) de fato mostram machucados de uma mulher que fez parte dos testes da vacina, mas ela mesma afirmou, no começo de dezembro, que as feridas foram causadas por uma reação ao anti-inflamatório cetoprofeno que ela diz tomar para tratar dores nas costas.

A Pfizer também afirmou ao Aos Fatos que nenhum voluntário dos testes apresentou erupções cutâneas semelhantes. Segundo o comunicado publicado no dia 18 de novembro, as únicas reações adversas encontradas foram fadiga e dor de cabeça.

No Facebook, o conteúdo enganoso reúne ao menos 4.000 compartilhamentos e foi marcado como FALSO na ferramenta de verificação da rede social (saiba como funciona). As postagens também foram sugerida por leitores no WhatsApp (inscreva-se aqui).


FALSO

Fotos que mostram grandes erupções cutâneas nos pés de uma mulher vêm circulando nas redes sociais como se ilustrassem uma possível reação adversa causada pela imunização contra a Covid-19 produzida pela Pfizer. Por mais que as imagens sejam verídicas, não é verdade que os machucados foram causados pela vacina: tanto a farmacêutica quanto a voluntária que aparece nas fotos negam que a imunização seja a responsável pelas feridas.

A mulher das fotos é uma americana chamada Patricia Chandler. No começo de novembro, sua irmã, Rebecca Moore, abriu uma campanha no site de arrecadação GoFundMe e publicou que Chandler teria desenvolvido as erupções logo após ter se submetido à imunização da Pfizer. Ela afirmava ainda que a farmacêutica estaria negando atendimento médico. A campanha, segundo Moore, seria destinada a auxiliar a voluntária a pagar suas despesas hospitalares e diárias.

Em meados daquele mês, as fotos dos machucados passaram a ser compartilhadas nas redes sociais como forma de denunciar os possíveis perigos da vacinação contra a Covid-19. O Aos Fatos, naquela época, contatou a Pfizer para solicitar informações sobre o caso. Em nota, a farmacêutica confirmou que Chandler foi uma voluntária dos testes da imunização, mas disse que a condição médica apresentada “não está relacionada a sua participação nos testes”. A farmacêutica também afirmou que entrou em contato com a GoFundMe para derrubar a campanha de arrecadação ao menos duas vezes.

Conforme pode ser verificado no comunicado em que foram publicados os resultados encontrados ao final da fase 3 dos testes, da qual Chandler participou, os únicos efeitos adversos graves apresentados pelos voluntários foram fadiga e dores de cabeça. A última fase do estudo teve a participação de 43.661 voluntários, sendo 30% deles americanos e o restante de outros países, como Alemanha, África do Sul e Brasil.

Cerca de um mês depois e com US$ 5 mil arrecadados, Chandler publicou um vídeo em seu canal no Youtube onde afirmou que seu dermatologista acredita que as erupções foram causadas por uma reação alérgica ao anti-inflamatório cetoprofeno. De fato, segundo a bula do medicamento, o remédio pode causar erupções cutâneas.

Em outro vídeo, publicado no dia 1º de dezembro, Chandler voltou a dizer que as erupções provavelmente foram causadas pelo cetoprofeno. Um dos usuários comentou que ainda acreditava que as feridas seriam resultado da imunização. A mulher, então, respondeu que fez um um teste de anticorpos para a Covid-19 e diz que os resultados foram negativos: “então eu definitivamente não recebi a vacina”. Chandler, portanto, acredita que estava no grupo que recebeu o placebo.

Após a publicação do primeiro vídeo, a campanha do GoFundMe foi atualizada para corrigir a informação sobre a causa das erupções que, até a tarde desta quinta-feira (3), permaneciam como “desconhecidas”. No texto, sua irmã agradece os doadores e afirma que “todos têm a opção de retomar suas doações e devem ser notificados sobre essa situação”.

A publicação, que começou a ser difundida nas redes brasileiras em meados de novembro, também circulou em língua inglesa e espanhola. Na Espanha, a equipe da Maldita publicou um desmentido sobre o assunto.

Referências

  1. GoFundMe
  2. Pfizer
  3. Youtube (1 e 2)
  4. Consulta Remédios

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